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Entrevistas e dicas de espetáculos

ENTREVISTA - Helio Souto e Dani Brescianini estão em cartaz com Dias Perfeitos no Teatro Augusta
Publicado em 03/07/2017, 02:00
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Hélio Souto é o idealizador do projeto que deu origem ao espetáculo Dias Perfeitos, em cartaz no Teatro Augusta. Após entrevistar o diretor César Baptista, conversei com Helinho.

Acompanho a sua carreira bem de perto (eu o conheci durante a temporada de Calígula, direção de Gabriel Villela) e vejo a sua dedicação, sempre em busca de desafios e compenetrado para que tudo tenha qualidade. Esse jovem e talentoso ator é formado pelo Teatro Escola Célia Helena, de SP, e pela CAL, no Rio.
Filho do famoso ator de teatro, TV e cinema, Hélio Souto, e de Mara Cedro, ele se divide entre São Paulo e Rio de Janeiro.

ENTREVISTA

NANDA ROVERE - Gostaria que falasse para o De Olho Na Cena sobre a sua formação, a importância de se estudar teatro...
HÉLIO SOUTO – Oi, Nanda Rovere, e todos do De Olho Na Cena. Em primeiro lugar, é um prazer enorme bater esse papo com vocês por aqui! Bom, eu me formei no curso profissionalizante do Teatro Escola Célia Helena, em 2006, e alguns anos depois, quando decidi morar no Rio de Janeiro, resolvi fazer a faculdade de Artes Cênicas da CAL - CASA DAS ARTES DE LARANJEIRAS, que estava inaugurando a primeira turma de Bacharelado, na qual me formei em 2014. Referente à importância dos estudos, não acho que isso seja uma escolha e sim uma obrigação de todo ator que deve ser cumprida com muito prazer, pois ser ator é mergulhar nos estudos durante uma vida e ter a certeza que nunca vai chegar o momento em que você está "pronto", ou já sabe de tudo! Será uma eterna busca e se não houver prazer nessa busca do conhecimento, o próprio tempo acaba mostrando que essa profissão não é pra você!

NR - Gostaria que você falasse de seus trabalhos no teatro.
HS - Sobre os trabalhos, desde que me formei tive a alegria de participar e realizar cerca de 11 espetáculos profissionais e aprender com muitos colegas talentosos (trocando experiências em cena) e com diretores que tenho como mestres pra vida!

NR - Te conheci quando você fez Calígula com o Gabriel (Villela), depois você fez A Crônica da Casa Assassinada... Como foram essas experiências?
HS - Diria que tudo aquilo que vivi naquele momento é o universo ideal para todo artista, em todos os sentidos!!! Primeiro lugar, ter a oportunidade de trabalhar, aprender, estudar, observar o diretor Gabriel Villela é algo que eleva o patamar de qualquer ator. Tenho-o como um dos maiores mestres que tive até aqui e sou muito grato por isso! E depois, tudo que vem junto com ele, como a oportunidade de estar ao lado de tanta gente talentosa, desde um elenco muito talentoso, passando pela cenografia, maquiagem, figurinos, técnicos, camareira, fotógrafo, o adaptador das obras, tudo com a maior excelência que uma produção pode oferecer. Tive o prazer de viver esse momento sendo perfeitamente administrado pelo ator e produtor da BF Produções, Cláudio Fontana, de quem sou amigo e muito fã; ele me ajuda demais até hoje com minhas empreitadas, sempre me orientando.

NR - Num país onde pouco se lê, Raphael conseguiu atingir muitos jovens com os seus textos. Como entrou em contato com as obras do Rafael? O que mais te chama a atenção nesse jovem escritor?
HS - Raphael Montes com certeza é um desses gênios que se destacam muito cedo, mas no caso dele um gênio bem macabro! (rs.) Conheci o seu texto através de um amigo ator, Raphael Morpanini, que me apresentou o livro Suicidas na Faculdade da CAL, no Rio de Janeiro, e a partir desse momento, fiquei muito intrigado em transformar esse romance em teatro... Foi uma caminhada muito longa, cheia de obstáculos. A vontade de realizar o projeto prevaleceu e com todas as dificuldades o espetáculo nasceu! A partir daí, foi um passo para eu conhecer e me encantar com suas obras e trazer hoje para o palco seu segundo livro, "DIAS PERFEITOS". Ele tem uma linguagem jovem, bem pop e ousada, cheio de reviravoltas, um quebra-cabeça que faz com que o leitor queira devorar suas obras. Não é por acaso que ele se tornou um best-seller, tendo suas obras traduzidas em mais de 20 países pelo mundo, tendo hoje apenas 25 anos!

NR - Fale um pouco sobre o Roleta-Russa, que foi sucesso e rendeu ao César o prêmio de melhor diretor. Era um projeto seu, correto?
HS - Sim, um projeto que surgiu da busca em trazer algo novo para os palcos. Esse suspense só teve seu reconhecimento graças ao diretor e adaptador César Batista, que topou embarcar nessa loucura comigo até o final! Não tínhamos patrocínio, local para estreia ou até mesmo para ensaio, apenas encontramos outros malucos muito talentosos e corajosos que queriam entrar de cabeça nisso com a gente e pra resumir, todo o processo desse espetáculo, que teve 4 temporadas, sendo duas no RJ e duas em SP, só pôde ser realizado pelo excesso de vontade de todos os envolvidos. A montagem tinha TUDO para não acontecer e assim que cada um conheceu a obra do Raphael Montes, mesmo sabendo de toda a dificuldade, só queriam realizar isso juntos. O meu maior acerto foi convidar o César Baptista para conduzir com maestria todo o processo artístico, que merecidamente lhe rendeu o prêmio Arte Qualidade Brasil de melhor diretor de espetáculo drama, concorrendo com os maiores nomes do teatro no Brasil.

NR - E a parceria com o César, fale um pouco sobre ela. Ele me parece um diretor perfeccionista e você também está sempre muito focado nos seus trabalhos...
HS - É uma relação de amor e ódio...kkkk. Brincadeira, eu amo e admiro muito esse cara, tenho pra mim que ele é um dos principais diretores do nosso país na atualidade e tenho certeza que o tempo vai fazer com que ele tenha o reconhecimento que merece! Conheci o César através de amigos em comum quando na época ele ainda era assistente de direção do Antunes Filho e, logo depois, trabalhou por anos também como assistente do Gabriel Villela, onde pude conhecer ele melhor, trabalhando junto durante o processo com os dois espetáculos que fiz com o Gabriel. A partir dali, a minha admiração só aumentou. Convidei-o para dirigir o que foi o seu primeiro espetáculo, um infantil que foi a minha primeira produção. Com o tempo, veio a mulher dele e eu acabei tendo que intermediar tudo, senão ele estaria até agora sentado entre um colega do elenco e ela, ainda filosofando num vôo voltando de Natal/ RN, depois de uma apresentação de CALÍGULA... (hehehe). Com o passar do tempo, veio o ROLETA-RUSSA e DIAS PERFEITOS; junto com esses espetáculos veio também toda a nossa amizade e intimidade, que às vezes deixamos atingir o trabalho - batendo cabeça e defendendo nossos pontos de vista como dois bons perfeccionistas, mas, no fim, o amor sempre prevalece!!!

NR - Tanto em Dias Perfeitos quanto em Roleta Russa, um ator depende totalmente do outro em cena. Claro que isso é uma característica do teatro, mas como são espetáculos viscerais, o contato é extremamente forte. Como é a sua relação com os colegas de cena, especialmente em Dias Perfeitos, onde o seu personagem tem cenas de intensa violência com a Clarice ...
HS - Ensaiamos muito durante o processo toda essa movimentação para que a gente não se machucasse de verdade, pois, geralmente, nessas cenas mais violentas, de contato, e que interpretamos, um certo descontrole emociona, e é onde temos que ter o controle absoluto para que nada saia do combinado. Claro que um arranhão e um hematoma ou outro acabam aparecendo(rs), é inevitável, mas nada que atrapalhe a continuidade da apresentação. Quando isso acontece, estamos sempre conversando para resolver, pois ninguém quer apanhar de verdade durante toda uma temporada!

NR - Você interpreta um homem que comete loucuras por amor. Como foi o processo de criação do personagem, usou livros, filmes? Chegou a consultar psiquiatras?
HS - Sim, acabei fazendo um pouco de tudo isso e principalmente buscando as referências que nosso diretor nos alimentava para afinar a interpretação com ele. O César é um cara muito inteligente, cheio de referências e, como ele também é ator, geralmente ele já sabe o que ele quer e como ele faria. Isso, para alguns atores, é maravilhoso, mas para outros chatos - como eu - que adoram inventar e propor mil coisas, é desesperador... Ele chegou a desistir de mim algumas vezes!

NR – Você está sempre entre o Rio e SP. Como define as duas cidades com relação às oportunidades de trabalho, pois dizem que no Rio só fazem sucesso peças mais leves, mas tanto Roleta-Russa quanto Dias Perfeitos tiveram ótima recepção por lá.
HS - Eu acredito que no eixo RJ e SP estão as maiores oportunidades de trabalho para os atores e por conta de me dividir muito entre as duas cidades, resolvi morar nas duas literalmente! Os dois espetáculos tiveram uma boa repercussão nas duas cidades, mas acredito que, no geral, o Rio, por ser um lugar onde a maioria das produções do áudio visual estão sendo gravadas, acaba tendo a preferência do grande público em buscar por espetáculos onde possam ver esses artistas. Entendendo que em São Paulo também tem isso, mas creio que por ser uma cidade maior, ela acaba criando mais possibilidades para os atores que ainda não são conhecidos.

NR - O seu currículo é recheado de textos dramáticos. É predileção?
HS - Acho que sim! Involuntariamente acabo fazendo textos mais dramáticos, mas também tenho muito interesse pela comédia, desde que seja algo que possa provocar reflexão sobre algo. A comédia é muito boa para isso, tem textos maravilhosos que venho namorando um tempo... Logo devo me arriscar!

NR - O que te move enquanto artista?
HS - O que me move enquanto artista... Poderia dizer algumas coisas bonitas e repetidas, mas prefiro te responder isso um pouco mais pra frente, daqui alguns anos, pode ser?

NR – Você é filho do ator Hélio Souto, que fez muito sucesso na TV e fez muito teatro também. Qual o legado que ele te deixou (aliás, para você e seu irmão Júlio, que também é ator). Fale um pouco sobre ele, a sua decisão de ser ator.
HS - Meu paizão foi um dos maiores atores da geração dele. Na minha geração, muita gente não faz ideia de quem ele foi... Triste como esquecemos tanta gente pelo caminho que já fizeram tanto nessa profissão! Ele nunca quis que eu e meu irmão nos tornássemos atores, muito menos eu queria ser ator, eu queria mesmo é ser jogador de futebol do CORINGÃO, mas como tudo deu errado, me tornei ator... Eh, mas acho que acabei entrando nessa por amor, saudade, etc... Ele tem me ensinado muito, todos os dias, mesmo não estando mais aqui entre nós! Tive a possibilidade de aprender com todos os seus acertos e principalmente seus erros, entender um pouco melhor, através da sua história, o que essa profissão pode dar e tirar da gente e, a partir disso, pude fazer minhas escolhas!!! O Juba também é ator sim. Ele começou mais cedo do que eu porque desde pequeno meu irmão era modelo. Ele começou a fazer trabalhos também como ator e se dedica muito para conquistar os seus objetivos!!! Quem sabe um dia a gente se cruza no palco... É um desejo que tenho mais pra frente!

NR - No que você está de olho (na cena)?
HS - EM TUDO QUE POSSA FAZER O MELHOR PRA MIM, PRA VC E PARA OS OUTROS SEM PREJUDICAR NINGUÉM!
EVOÉEE



ENTREVISTA DANI BRESCIANINI – INTERPRETA CLARICE EM DIAS PERFEITOS

Assim como Hélio Souto, a atriz está morando no Rio e está sempre entre Rio e São Paulo.
Destaca que são mercados diferentes de trabalho e sinaliza que apesar de existir espaço para tudo, ficou muito contente com o bom resultado da temporada de Dias Perfeitos na capital carioca.
A atriz e produtora (ela assina a produção de Dias Perfeitos, em conjunto com Souto) mudou-se para o Rio para fazer TV, mas a sua carreira é fundamentada no teatro. Entre os espetáculos, estão Congresso Nacional de Sexologia, Palavra de Mulher e Senhorita Júlia e a Despedida de Si Mesma.

NANDA ROVERE - Como é estar no elenco de Dias Perfeitos?
DANI BRESCIANINI - Foi um grande prazer participar dessa jornada. Tenho muito carinho por esse projeto, inclusive as empresas que nos apoiam ficaram muito felizes em nos ajudar. Como o livro é muito conhecido, isso ajudou a abrir caminhos.

NR - Você já conhecia o livro?
DB - Conheci quando entrei no projeto e o Hélio me deu o livro. O Hélio já havia me chamado para fazer o Roleta-Russa, mas não pude fazer. Quando eles começaram a preparar Dias Perfeitos, eu disse que gostaria de participar do espetáculo. Fiquei encantada pela Clarice porque ela é muito parecida comigo e fiquei enlouquecida com ela.

NR - O que mais te encantou na personagem?
DB - Eu também sou uma pessoa que busca muito a minha liberdade e liberdade de preconceitos. Ela é uma mulher que luta pelas suas escolhas. Ela é um pouco mais jovem do que eu, mais “porra louca” e muito forte. Ela também é artista. É o grande personagem da minha vida até agora.

NR - E como é dar vida a uma personagem como a Clarice, num trabalho que exige muito do seu corpo?
DB - A história é realmente muito forte e eu estou bem desgastada fisicamente porque o meu corpo não entende que tudo que eu vivo no palco é de mentira. Meu corpo sente todas as cenas de horror. Fico mais tocada é com o depoimento de mulheres que assistem ao espetáculo e vem falar comigo. Casos como os da Clarice acontecem com mais frequência do que pensamos e os índices de violência contra a mulher são altíssimos. Como tenho um retorno muito grande de mulheres que vivenciaram violência, a minha responsabilidade no palco é muito grande.

NR - Com relação à sua preparação para viver a personagem, como foi o processo de criação?
DB - Cada ator teve a liberdade de fazer a sua própria pesquisa. Eu pesquisei muitas cenas de estupro e o César dá um suporte muito grande ao ator. Ele traz uma técnica muito aguçada e fundamentada, que nos oferece suporte de voz e corpo e nos traz muita segurança. Ele é um grande preparador e enquanto diretor é um divisor de águas na minha carreira.

NR – Qual a importância de encenar Dias Perfeitos nos dias de hoje?
DB - Estamos num momento em que se fala muito em minorias e defender a liberdade da mulher é uma questão necessária. Também vivemos momentos de muita carência e de atos abusivos que colocam em evidência, além da questão de gênero, o quanto faz mal um relacionamento doentio, pautado pela ilusão e que pode transformar de maneira muito negativa a vida de uma pessoa.

NR - E fazer com Hélio cenas tão intensas?
DB - O Hélio é incrível e temos uma ótima parceria em cena e fora dela também. A boa energia que temos fora do palco nos ajuda muito e o Hélio é um ator muito generoso. Toda a nossa equipe é muito unida, formamos uma família. A produção é minha e do Hélio, mas todo mudo se ajuda, formamos quase uma companhia de teatro e essa união é muito difícil hoje em dia.

NR - Novos projetos...
DB - No cinema, destaque para um filme que já está em fase de produção, primeira coprodução Brasil e África. Fala de relações humanas, empoderamento da mulher e homossexualismo.

Ficha Técnica:
Romance original de: Raphael Montes
Direção e adaptação: César Baptista
Elenco: Dani Brescianini, Helio Souto Jr., Arno Afonso e Leonardo Vasconcelos
Assistentes de Direção: Diogo Pasquim e Leonardo Vasconcelos
Iluminação: Edson FM
Cenário e Figurino: Igor Alexandre Martins
Trilha Sonora: César Baptista

Serviço:
Dias perfeitos (de 03 de junho até 30 de julho)
Gênero: Suspense
Quando: Sábados e domingos, às 20h
Local: Teatro Augusta (Rua Augusta, 943, Cerqueira César)
Capacidade: 304 lugares
Ingressos: R$ 60,00
Classificação: 16 anos
Duração: 100 minutos
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DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

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