TEATRO
Acompanhe o melhor do teatro adulto e infantil! As principais estreias nos palcos estão aqui.
Não deixe de ler as matérias e críticas.

Entrevistas e dicas de espetáculos

ENTREVISTA: O casal Marcos Reis e Letícia Tomazella está em cartaz com A Cabala do Dinheiro - temporada prorrogada
Publicado em 23/07/2017, 22:00
210
Facebook Share Button
Os atores dão corpo e voz aos conceitos do livro homônimo de Nilton Bonder

A CABALA DO DINHEIRO é uma livre adaptação do livro homônimo de Nilton Bonder. Centrada nessa obra, a dramaturgia também traz inspirações dos outros dois títulos de Bonder, que compõem a trilogia da Cabala (A Cabala da Inveja e A Cabala da Comida), escrita a partir da seguinte máxima judaica: “Uma pessoa se faz conhecida através de seu copo, bolso e ódio.”

A direção é de Clarice Niskier, atriz e diretora de A Alma Imoral, adaptação do livro homônimo do rabino Nilton Bonder, um grande sucesso do teatro em cartaz há onze anos. André Acioli é parceiro na concepção da montagem.

Em cena, Letícia e Marcos (idealizadores do projeto) interpretam um casal que entra em conflito devido ao medo de não ter dinheiro para pagar as contas. A dificuldade financeira causa brigas porque o homem não está muito preocupado com questões materiais (o estudo é o mais importante), mas a mulher só pensa em como não ficar devendo para ninguém.

Ao mesmo tempo em que existe representação, muitas falas refletem as inquietações pessoais de Letícia e Marcos com relação às questões propostas por Bonder no Livro.

Neste sentido, ficção e realidade se misturam e formam diversas camadas (um casal dialoga sobre o dinheiro; ora são narradores, ora são os personagens das várias histórias que Bonder usa em sua obra para exemplificar suas colocações sobre o dinheiro e os valores humanos).

Foi Letícia quem primeiro entrou em contato com o Livro e escreveu para Bonder expondo a sua ideia de transformar a sua obra em espetáculo. O que a impulsionou foi a vontade de compartilhar com o público os estudos que estava realizando sobre questões acerca do dinheiro, em parceria com Marcos Reis.

Segundo os jovens atores, a peça é um trabalho onde eles misturam questões presentes no livro e questões pessoais. ¨A narrativa conta a nossa história, declaram¨.¨O objetivo é estudar a vida¨, sinalizam.

O foco da encenação desse espetáculo, que acabou de estrear no Teatro Eva Herz, é a palavra. No decorrer de toda a apresentação existe uma troca com o espectador, já que os atores expõem todas as suas angústias e reflexões e esperam que o público reflita sobre tudo o que está sendo mostrado.

A luz, trilha, cenário e figurino ajudam os atores a narrar a história

ENTREVISTA
A conversa foi realizada no Restaurante Pimenta Romã, em São Paulo, que apoia o site De Olho Na Cena e o espetáculo.
Al. Lorena, 521/São Paulo/SP
(11) 2339-3447
pimentaroma.com.br
Aproveito e agradeço ao Pimenta pelo apoio que oferece ao De Olho Na Cena.

NANDA ROVERE – Falem um pouco sobre o projeto...
MARCOS REIS- O projeto é fruto de uma parceria que mantenho com a Letícia há muito tempo. São quase sete anos de encontro, já fizemos muitas coisas juntos.
LETÍCIA TOMAZELLI - Individualmente cada um de nós teve um contato específico como livro e falamos sobre isso na peça, inclusive. Eu vim de uma cidade muito pequena, rural, e sempre tive que me sustentar em São Paulo. Vim estudar aqui e a minha vida sempre foi uma loucura, uma luta com relação às finanças e a minha ideia com esse livro foi tentar entender porque pessoas menos talentosas e esforçadas conseguem prosperidade.

NR - E o que mais chamou atenção nas falas do Bonder?
LETICIA - A Cabala do Dinheiro me deu muitas respostas sobre as minhas indagações sobre a prosperidade, e ele me chamou a atenção porque não é um livro que impõe regras. O autor coloca uma informação e logo em seguida ele promove uma reflexão sobre ela. Ele faz reflexões muito profundas e é um escritor que exige o máximo de si quando vai fazer um livro.
MARCOS – Quando tivemos contato com o livro estávamos no início das nossas carreiras e como a carreira artística propõe um grande desafio de termos que nos estruturar financeiramente (todas as carreiras, na verdade) decidimos transformar numa investigação cênica os nossos estudos e questionamentos sobre o dinheiro, o mercado, a compreensão das trocas, dos valores financeiros e dos valores em geral. A nossa busca é entender tudo isso com maior profundidade do que o senso comum a priori já determina(que dinheiro é o mal do mundo e o mercado é um lugar selvagem). Num certo momento da nossa pesquisa, percebemos que já era hora de entrarmos em contato com a Clarice e compartilhar com ela essa nossa vontade de levar as nossas indagações para o teatro.
LETÍCIA – O que me fez virar fã do Bonder foi ver que ele não cristaliza nenhum pensamento. Ele nunca encerra uma discussão. Se ele chega numa síntese, logo em seguida ele estabelece uma nova tese sobre o que ele acabou de dizer. Isso dialetiza e dá argumentos para reflexões. Num certo momento do livro, por exemplo,e essa passagem está na peça, ele fala das leis da prosperidade e da importância da doação. Ele explica a regra e a humaniza. Diz que é muito bonito quando conseguimos cumpri-la, mas logo em seguida comenta o quanto é difícil doar sem esperar nenhum retorno, nem benefício...Ele diz: ¨ok, tenho todo o amor no coração, mas sou um ser humano e é muito difícil realizar essa ação¨.
MARCOS – O livro não tem como intuito determinar regras de como ganhar dinheiro. O que interessa são mais as provocações para modificar o ponto de vista acerca da temática do que determinar o que é correto no que se refere às interações humanas com o dinheiro.

NR - E o contato com o Bonder, bem como a parceria com a Clarice, como aconteceu(já que a Alma Imoral, também baseada num livro do Bonder, é um fenômeno no teatro)?
LETICIA – Eu vi a Alma imoral e já era encantada com a Clarice em cena. Temos a mesma maneira de enxergar a arte e a vida, e isso nos conectou.
MARCOS–Eu não tinha visto a peça, mas já tinha lido o livro. O que mais me moveu a entrar em contato foi ela já ter trilhado um caminho com a obra do Bonder e conseguido traduzi-la para uma linguagem cênica. Quando fomos conversar com ela, o nosso intuito era trocar ideias com alguém que já havia realizado um trajeto no universo do rabino e escritor, mesmo sabendo que A Cabala do Dinheiro seria um projeto diferente. E foi através da Clarice que entramos em contato com o Bonder, primeiramente através de e-mail.
LETICIA – Quando escrevi para o Bonder ele respondeu que de cara confiou na gente, porque a Clarice é muito rigorosa e ela já tinha falado bem da gente. Ele disse que tinha muito interesse no nosso projeto e que o sucesso no teatro dependia de toda a nossa empolgação. Disse que já sabia que daria tudo certo porque muitas pessoas o procuraram para montar A Cabala do Dinheiro, mas ele viu que estávamos envolvidos profundamente com o projeto e confiou no nosso projeto.
MARCOS - O Bonder é muito generoso. Ele tem um aprofundamento vertical na tradição judaica e também é muito aberto às trocas com o mundo, compartilha de uma maneira franca o que ele tem de conhecimento. O Bonder foi um parceiro. Sempre colaborou com a gente para que a discussão proposta pela obra tivesse a força necessária no palco, provocando reflexões no maior número possível de pessoas.

NR - Além da Clarice, o André também assina a direção. Como foi a experiência de contar com dois olhares sobre o texto?
LETÍCIA – Assim como eu e o Marcos, o André não tem relação com a cultura judaica nem com a Cabala... Nós conhecemos o André agora e a Clarice tem muita admiração por ele. Foi ótimo trabalharmos juntos porque ele nos trouxe para um campo racional, já que estávamos mergulhados na obra. Com relação aos diálogos, ele nos mostrou o que tinha sentido ou não em cena. Ele seria um assistente, mas a presença dele no projeto foi tão forte que ele acabou assinando também a direção. Formamos um quarteto na elaboração do espetáculo.

NR- Para dar consistência à montagem, chegaram a entrar em contato com outras fontes de pesquisa?
MARCOS E LETICIA - Entramos em contato com outros livros e com outras linhas sobre a cabala. Pesquisamos materiais judaicos e de outras vertentes. Foi interessante perceber que quando se trata de assuntos enraizados na alma humana e que tocam na questão dos valores e trocas, existem diferenças de perspectivas, só que mesmo nesses pontos de vistas diferenciados existe um entendimento parecido com relação ao dinheiro.

NR - E creio que esse contato com o livro mudou o seu olhar sobre a relação entre o homem e o dinheiro...
MARCOS – Foi interessante perceber o quanto as trocas humanas vão muito além da troca material.
MARCOS - LETÍCIA – As modificações foram intensas. A peça me fez refletir sobre como a minha relação com o dinheiro está refletida nas minhas emoções e limitações. O Livrotem uma frase linda que diz o seguinte: O mais longo dos caminhos é o que leva do coração ao bolso. ¨. ...quando estamos na rua e alguém nos pede esmola, por exemplo, é quando começamos a nos conhecer porque vem a dúvida se damos ou não o dinheiro. Ao longo do nosso estudo, começamos a pensar na distância entre a boa intenção e efetivação de uma ação de ajuda na prática. O que mudou é que agora conseguimos trilhar esse caminho de um modo mais contundente.
LETÍCIA – O Bonder também fala sobre a importância de olharmos para o outro e realizarmos troca, mesmo que ela não nos traga um benefício aparente. Eu olhava pouco para o outro e hoje eu tenho consciência da importância disso. Comecei a abrir a minha consciência e entender que um mendigo, por exemplo, não poderá me dar nenhum benefício concreto, mas ele me dará em troca o aprendizado. ¨Em outros mundos, eu estou fazendo bom negócio¨.

NR- Como é para vocês estrear no Eva Herz, mesmo teatro onde está em cartaz A Alma imoral?
MARCOS - É bacana estar no Eva porque é um teatro localizado numa região onde circula muita gente. A peça fala para quem é leitor, que frequenta a livraria, mas também para qualquer pessoa (independente de classe social e formação).

NR- No que vocês estão de olho (na cena)?
MARCOS – Eu Estou muito focado na Cabala do Dinheiro nos últimos meses. O último trabalho a que fui assistir foi Antígona, com a Andrea Beltrão, direção do Amir Haddad, que foi ver um ensaio nosso, num encontro muito bonito com a gente, e nos convidou para ver o espetáculo. A visita foi muito rica e interessante porque depois saímos para conversar sobre teatro, arte e vida. Antes disso, assisti Afinação-ajuste da Georgette Fadel, um estudo que ela fez em cima da filosofia do Hegel, com elementos do teatro épico. Tenho carinho por ela e quando soube desse trabalho, que propõe, assim como o nosso espetáculo, pensar em como realizar um teatro de reflexão,que coloca o ator em cena como narrador, fui assistir e foi muito instigante.
LETÍCIA –Vou citar Antígona, a única peça que vi nos últimos quatro cinco meses. Sei que é uma falha como atriz, mas a Cabala tomou muito o meu tempo. Também fui ver A Alma Imoral várias vezes, que sempre indico.

SOBRE OS ATORES:

LETÍCIA, natural de Monte Azul Paulista, é formada em Letras na UNESP São José do Rio Preto e na EAD - Escola de Arte Dramática da USP.
No teatro, já trabalhou com diretores de renome, como Georgette Fadel, Antônio Rogério Toscano, Vladimir Capella,entre outros.
Entre os espetáculos, destaque para o seu primeiro projeto autoral em São Paulo, a peça Simples Cidade, criada em parceria com Reis - 2012;a Desgraça Alheia, também de sua autoria (em parceria com Bhá Prince e Augusto Carminati),estreou em 2013 e As Palavras da Chuva, direção de Leonardo Medeiros (também ao lado de Reis), foi outro destaque da sua trajetória profissional.
Prêmios -Troféu Aruanda: Melhor Atriz, por Popókas (Fest Aruanda do Audiovisual Universitário Brasileiro 2009); Melhor Atriz Coadjuvante (I Festival Curta-Teatro): São José do Rio Preto, 2007.
Na TV, integrou o elenco da novela Terra Prometida, da Record, que também contou com a participação de Marcos Reis. (Para saber mais: http://leticiatomazella.weebly.com).

O catarinense MARCOS REIS iniciou a sua carreira profissional no grupo A Patota do Teatro, dirigido por Cacá Correia, em Florianópolis. Estudou na Escola Livre de Teatro de Santo André e criou com Letícia a Cia dos 2.
Prêmios - Melhor ator com o espetáculo CURRAL (a obra de Nelson Rodrigues Direção coletiva: Grupo Teatro da Terra. – SP) - VI Festival de Sumaré – SP. Para saber mais sobre a sua trajetória: http://marcosreis.weebly.com/sobre-o-ator.html

Sinopse resumida do espetáculo (fonte: assessoria Pombo Correio)
A peça é uma discussão ética sobre a mágica das trocas humanas. Se, por um lado, o dinheiro é elemento que promove relações perversas e idólatras, não só quando adorado, mas também quando desprezado, por outro, é elemento de expansão de mercados e permite uma grande sofisticação nos vínculos da malha da vida.
Bonder fala de dinheiro, mas nos mostra o que vem antes dele. Quais são as sementes da abundância financeira? Qual o real comportamento de uma pessoa próspera? O que é a escassez e por que ela se manifesta em uns e não em outros? O que faz uma pessoa ser próspera em todos os âmbitos e outras apenas em alguns (ou em nenhum)?



Ficha técnica
Texto: do livro homônimo de Nilton Bonder
Adaptação: Letícia Tomazella, Marcos Reis e Clarice Niskier
Colaboração na dramaturgia: André Acioli
Direção: Clarice Niskier e André Acioli
Elenco: Letícia Tomazella e Marcos Reis
Produção: Kiko Rieser e Ronaldo Diaféria
Cenário e figurino: Cássio Brasil
Iluminação: Karine Spuri
Música original: José Maria Braga
Preparação vocal: Carlos Nascimento
Maquiagem: Louise Helène
Fotografia: Heloísa Bortz
Registro em vídeo: Ricardo Montenegro
Projeto gráfico: Herbert Bianchi
Realização: Diaferia Produções e Rieser Produções Artísticas


Serviço
Teatro Eva Herz - Av Paulista, 2073 – Conjunto Nacional
Temporada: até dia 6 de dezembro. Quartas-feiras, às 21h
Ingressos: R$ 50
**150 ingressos gratuitos para pessoas de baixa renda disponíveis no site www.eufacocultura.com.br
Duração: 75 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Lotação: 168 lugares
Telefone: (11) 3170-4059
Duração: 70 minutos

Clique nas imagens para ampliar:



DE OLHO NA CENA ® 2015 - Todos os Direitos Reservados
. . . . . . . . . . . .

DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

CRISOFT - Criação de Sites ® 2005
HOME PAGE | QUEM SOU | TEATRO ADULTO | TEATRO INFANTIL | MULTICULTURAL | CONTATO
CRÍTICAS OPINIÕES CINEMA
MATÉRIAS MATÉRIAS SHOWS
ESTREIAS ESTREIAS EVENTOS