WALDEREZ DE BARROS NO PRÓLOGO - Com Lavínia Pannunzio e Leonardo Ventura - 27/07/2020
https://www.youtube.com/watch?v=1-s-LxdxPuE&t=2814s
¨NADA SUBSTITUI O CONTATO ENTRE AS PESSOAS. TEATRO É ARTE COLETIVA E PRESENCIAL¨ WALDEREZ DE BARROS
A sua dica – preciosa - de livro para quem deseja se dedicar à arte é a GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA.
SOBRE WALDEREZ
Claudio Fontana - ¨Com Walderez entendi o que é ofício do ator !!¨
Letícia Vilela - ¨Trabalhar ao lado de Walderez foi honra, escola e um prazer imenso, até hoje me alimento daqueles momentos¨.
WALDEREZ SOBRE GABRIEL VILLELA – Trabalhar com Gabriel é o Paraíso. É romper a estrutura¨. Nos seus trabalhos o uso do corpo e voz é tudo uma grande brincadeira. ¨Eu descobri o lúdico no teatro¨, destaca a atriz.
WALDEREZ SOBRE CLAUDIO FONTANA - Amigo irmão, um grande ator. (Como ator) A cada peça ele acrescenta coisas novas, faz tudo diferente¨. Também destacou a competência como produtor e a sua ótima relação com o elenco. É um grande companheiro de cena¨, complementa.
Assistir a uma conversa com a atriz Walderez de Barros é uma aula de teatro. São 60 anos de trajetória nos palcos.
O bate-papo teve início com falas a respeito de como a arte está se apresentando na pandemia, com a exibição de peças on line e as chamadas lives.
Walderez disse que estamos carentes da presença do outro e o teatro só se faz com essa presença. O que estamos acompanhando são vídeos de uma peça, que pode nos emocionar, mas que não é teatro.
Wal falou um pouco sobre a vida em Ribeirão Preto, a sua cidade natal, e a vinda para São Paulo, com os pais, para estudar.
Lembrou que em Ribeirão era declamadora oficial, mas nunca tinha entrado em contato com o teatro. Não tinha acesso a ele pelos custos das peças e por falta do contato com pessoas ligadas às artes cênicas; até então a sua referência era Hollywood.
A descoberta do teatro -
Descobriu que existia curso de arte dramática já em São Paulo, através de uma amiga, mas ainda não pensava que um dia seria atriz.
Começou a cursar Filosofia na USP, na sede da Maria Antonia, e foi lá que começou a entrar em contato com o universo das artes cênicas.
O teatro começou a fazer parte da sua vida através da política, participando do Centro Popular de Cultura – CPC - com Fauzi Arap, num momento de muito agito na Maria Antonia. Nunca se envolveu com partidos e já tinha contato com a política através de seu pai e do jornal A Última Hora, que ele assinava.
A sua formação –
Não teve formação acadêmica e não conhecia os autores de teatro, mesmo com relação às tragédias gregas, o seu conhecimento era relacionado somente à literatura.
Trajetória no teatro -
Citou artistas que a ensinaram muito – Fauzi Arap que conheceu assistindo a um espetáculo no Teatro oficina e depois foi trabalhar com ele no CPC; Eugênio Kusnet, com quem fez aulas de teatro e conheceu, por exemplo, a importância de Stanislavski.
A busca do conhecimento aconteceu através de muita leitura e nunca teve a pretensão de conquistar o sucesso.
Walderez tem o hábito de ler e reler obras e considera esse hábito essencial para um artista, para o seu aprendizado. ¨É fundamental a curiosidade do conhecimento para o artista ( que usa a palavra como comunicação). Ler é essencial¨, afirmou.
Claudio Fontana, amigo que já contracenou com Walderez em As Traças da Paixão, direção de Marcio Aurelio, A Ponte e a água de piscina, direção de Gabriel Villela, e produziu Hécuba e Rainhas do Orinoco, espetáculos também dirigidos por Villela, questionou a atriz sobre método de representação.
Walderez não tem um método e fez questão de frisar que está sempre aberta às estéticas dos diretores com quem trabalha, sem pré-conceitos. Chega a um ensaio com apenas algumas leituras do texto para que a partir do contato com o diretor, elenco e equipe, comece a criar a personagem e a decorar as falas.
¨O foco do teatro está na palavra que traz junto com ela coisas que estão no corpo, na alma, no espírito do ator¨, assinala afirmando que na interpretação corpo e voz – a palavra – caminham juntos.
Com relação aos diretores com os quais trabalhou, entre eles Jorge Takla e Gabriel Villela, Walderez disse que aprendeu com todos.
O encontro com Gabriel Villela –
O encontro com Villela aconteceu num momento difícil, em que
Walderez estava buscando outros rumos na sua vida.
Quem conferiu A Ponte e a água de piscina,Fausto Zero, Hécuba e Rainhas do Orinoco, espetáculos dirigidos com maestria e com a magia típica de Gabriel Villela, sabe o quanto essas experiências são incríveis na trajetória da atriz. Trabalhos de uma entrega e intensidade que impressionam.
Segundo a atriz foi muito especial. ¨Trabalhar com Gabriel é o Paraíso. É romper a estrutura¨. Nos seus trabalhos o uso do corpo e voz é tudo uma grande brincadeira. ¨Eu descobri o lúdico no teatro¨, destaca a atriz.
A Ponte e a água de piscina era diferente de tudo o que a atriz vinha fazendo e, com essa peça, ela entrou novamente em contato com o universo do circo-teatro, que foi a sua única experiência com a arte, como espectadora, durante o período em que residiu na cidade de Ribeirão.
Walderez disse que o encontro com o diretor foi especial não somente com relação ao teatro, mas o elogiou também como ser humano. É encantada pela maneira com a qual Gabriel lida com os outros, especialmente no seu sítio (local onde boa parte de suas peças são geradas, com a presença dos elencos). ¨Gabriel é mineiro e Ribeirão também é Minas. Foi um encontro com as minhas raízes¨
Elogiou como Gabriel conduz o seu trabalho, aprontando o figurino já para o primeiro dia dos ensaios ( algo que é raro acontecer com outros diretores). Também disse que vivenciou com ele os melhores ensaios de mesa.
Claudio Fontana –
A atriz também citou o carinho e admiração que tem por Claudio Fontana, como ator e diretor. ¨Amigo irmão, um grande ator. (Como ator) A cada peça ele acrescenta coisas novas, faz tudo diferente¨. Também destacou a competência como produtor e a sua ótima relação com o elenco. É um grande companheiro de cena¨, complementa.
Foi através de Claudio, vale dizer, que Walderez conheceu Villela, quando os atores contracenaram no espetáculo As Traças da Paixão.
A conversa teve como foco novamente a formação do ator e também o modo de criação da atriz. Deu exempos de suas experiências.
Walderez contou que a aflige muito ter contato com um artista que não sabe ler, não sabe interpretar um texto. Frisou que o interesse em aprender é essencial. ¨O ator tem que tomar posição, tem que estar ligado em tudo e ler muito¨.
A sua dica – preciosa- de livro para quem deseja se dedicar à arte é a GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA.
Trabalhos na TV e cinema –
Afirmou que gosta de trabalhar na TV, que ela não traz a mesma profundidade do teatro, como sabemos, mas que é bom se divertir. Também falou sobre as diferenças da interpretação no palco e em frente às câmeras.
A conversa durou cerca de 1h30 e vale a pena assistir para ter contato com os detalhes de suas falas, riqueza de conteúdo sobre a arte e a vida, para quem faz teatro e para os amantes das artes.
Para quem não sabe, Walderez já enveredou pelo ramo da literatura, escrevendo, mas os arquivos acabaram sendo hackeados.
O que a encanta é ter um bom texto pra interpretar e recentemente, Walderez de Barros interpretou a poeta Cora Coralina, no filme Todas as vidas, como bem lembrou Lavínia. .
Cecilia Matuk - Essa voz é poderosa. Voz marcante. Qdo fala parece que canta.
Claudio Fontana - Com Walderez entendi o que é ofício do ator !! Dividir o palco com ela em Traças da Paixão, de Alcides Nogueira, foi um divisor de águas...
Claudio Fontana - ¨O que foi Walderez em Hécuba?
Claudio Fontana - Fausto Zero, Traças da Paixão, Rainhas do Orinoco são outros exemplos de excelência !!!!¨
Letícia Vilela - ¨Trabalhar ao lado de Walderez foi honra, escola e um prazer imenso, até hoje me alimento daqueles momentos¨.
Lindsay Castro Lima - ¨Tem uma estrofe de um poema da Walderez que me instiga muito nesses dias absurdos: "...que barreira posso colocar à frente desse precipício..." queria saber se ela está escrevendo nesses tempos¨.
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