Na mesa O Legado de Antunes Filho, primeira live do seminário de abertura CPT 2020, o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, recebe três encenadores que tiveram suas trajetórias marcadas pela figura de Antunes: Gabriel Villela, Bia Lessa (que atuou com o encenador no início de sua carreira e fez a sua versão para a obra Macunaíma, icônica na trajetória do diretor) e Samir Yazbek (integrante do CPT por uma década) tratam sobre como o diretor influenciou o processo criativo de cada um.
O Sr Danilo Santos Miranda falou sobre a importância de Antunes filho para a história do SESC e para o Brasil. Disse que a proposta do Sesc com relação ao CPT é ampliar e dar procedimento ao trabalho crítico e multidisciplinar de produção teatral realizado no CPT por Antunes e a sua equipe.
O diretor propôs um pensamento sobre a arte e atuou em todas as linguagens artísticas, especialmente o teatro e a TV.
A diretora Bia Lessa classificou o CPT como centro irradiador do teatro, valorizando sempre o diálogo. Segundo Bia, Antunes Filhos é fundamental para a cultura brasileira e para se entender o teatro. ¨É uma referência de como as artes cênicas deveriam ser tratadas no país¨, afirmou.
Bia também salientou que Antunes realizava um um teatro de pesquisa que separa o teatro do entretenimento e que traz como princípios principais o rigor, a pesquisa, o desafio e o diálogo para a criação de um mundo mais justo. ¨É algo solar e que me dá uma esperança tão grande! ¨, declara a diretora.
Samir Yazbek destaca que Antunes era apaixonado por dramaturgia, o que é raro de se ver.
Ele o conheceu quando foi assistir uma palestra sua no CCSP – Centro Cultural São Paulo e foi falar com ele. Imediatamente Antunes pediu para que Samir fosse até o CPT e, a partir de então, constituíram uma parceria de dez anos de trabalho e uma amizade para a vida.
No decorrer de sua fala, Yasbek citou personalidades do CPT, como Sebastião Milaré e Luis Melo, e salientou que Antunes era um pedagogo que no seu processo de direção prezava pela técnica e conhecimento, mas sobretudo queria ouvir o artista, verificar o que ele tinha a dizer.
Gabriel Villela sempre afirmou a sua admiração por Antunes Filho e um momento muito especial na sua memória foi o arrebatamento que a icônica montagem de Macunaíma lhe causou.
Um artista que escutava o galo cantar e sabia onde ele cantava, define Villela sobre Antunes, salientando o seu conhecimento profundo sobre o fazer teatral.
Segundo Villela, Antunes atravessou o Oriente e foi abrindo caminhos para compartilhar as suas experiências. Um homem de escuta que amou o Oriente e trazia nas suas realizações a síntese da vida e da morte. ¨Criou uma constelação celestial e com Macunaíma virou estrela regente. Antunes nunca vai morrer, ele está presente no teatro¨.
O diretor comentou sobre a influência de Kazuo Ohno e do diretor de teatro japonês Tadashi Suzuki na obra de Antunes, sendo que este último trabalhou na produção de Fragmentos Troianos e juntos integravam a Comissão que organizava as Olímpíadas de teatro.
No início dos anos 90, Villela levou trabalhos para o exterior e lá pôde verificar o quanto admiravam Antunes Filho. Respeitavam e conheciam um pouco sobre o nosso contato a partir do contato que tiveram com o mestre. ¨Antunes Filhos levou a essência do nosso teatro para o exterior”, diz.
Villela salienta: ¨Nunca mais o nosso país pensou teatro da mesma maneira depois de Antunes Filho. Antunes está vivo. Abriu uma estrada para os artistas brasileiros¨.
¨Antunes queria o rigor e a disciplina e conseguiu isso com gente muito nova. Formou atores muito importantes para o nosso teatro hoje¨, complementa o diretor.
Para Villela, o processo de criação de Antunes lembra o ateliê dos pintores renascentistas que levavam para as suas salas centros de criações. ¨Um formigueiro humano trabalhando para que arte fosse eterna¨, elogiou, sempre usando as suas belas metáforas para falar sobre a arte e a vida.
Villela opina que nesses momentos escuros, o CPT abre uma porta para a luz, de uma potência atômica de renovação e estudo. Classifica Antunes como um ser ¨perigoso, porque ele derramava as teorias e através de todo o seu conhecimento colaborava para o crescimento do ser humano”.
Villela destaca que o diretor buscava sempre o novo nas suas criações; tinha uma ânsia por mudanças que fazia com que ele fosse atrás de novas metodologias e que o CPT estivesse em frequente ebulição.
Na sua opinião, Antunes Filho é o único artista brasileiro que reproduz o gênero humano no teatro com intensidade absoluta.
Reabertura do Centro de Pesquisa Teatral CPT_SESC
A partir de 1º de setembro de 2020
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