O drama surrealista As Mamas de Tirésias traz desespero e humor para contar a história de uma mulher chamada Teresa, que deixa o seu marido por ele ser alucinado por toucinhos. Ela o amarra, se veste com suas roupas, corta as próprias mamas e assume a identidade de General Tirésias.
Além de buscar a liberdade , Teresa luta contra a procriação. Seu marido a afronta e gera sozinho dezenas de milhares de bebês macabros.
Um texto que trabalha com a linguagem do teatro do absurdo e que foi escrito em versos, características da obra do escritor e crítico de arte francês Guillaume Apollinaire (1880 – 1918).
Para quem não sabe, o autor inaugurou o termo surrealismo nas artes e As Mamas de Tirésias foi escrita em 1903 (inaugurando, por sua vez, o termo movimento vanguardista. Um tema que permanece atual.
No elenco estão as atrizes Gilka Verana, Ana Paulla Mota e Priscilla Carbone, além de Almir Rosa como O Povo de Zanzibar, personagem representado pela discotecagem do espetáculo.
Em cena, diferentes visões apresentadas pelas atrizes sobre o mesmo fato gerou a concepção da peça – todas interpretam todos os personagens: “Nós tínhamos três versões e discursos completamente diferentes entre si - esse choque dialoga com a postura de Apollinaire, que após ter retornado ferido da Primeira Guerra Mundial, revisou o texto e escreveu uma análise absolutamente contraditória com todo discurso que a obra carregava até então. Essa também é uma realidade que se aproxima do Brasil atual, em que múltiplos discursos estão sobrepostos, gerando choques constantes que precisam ser observados e urgentemente colocados no campo da criação artística se quisermos avançar”, conta Capuano.
A instalação recorre a objetos de teor macabro, que vão se acumulando em cena e o palco recebe assim um amontoado de resíduos e entulhos, além de figurinos que são trocados incessantemente pelas atrizes.
Em dois momentos, a direção propõe aproximações diretas com o público. Num primeiro momento, o espaço cênico é transformado num bar e as pessoas podem beber algo e comer os petiscos servidos na hora ao som das músicas selecionadas pelo Povo de Zanzibar.
Ao final do espetáculo, uma feijoada ( que tem o toucinho como um importante ingrediente) será servida a quem tiver solicitado o prato antes do início da peça.
Além da peça, haverá também uma oficina de teatro ministrada pelo diretor e elenco do espetáculo e uma mostra de cinema surrealista, como Cidade dos Sonhos e O Anjo Exterminador.
OFICINA E MOSTRA DE FILMES
Oficina Materialidade Cênica - Experimentos Surrealistas
A partir dos procedimentos provenientes do processo criativo de As Mamas de Tirésias, a oficina propõe uma exploração cênica que tem como disparador princípios surrealistas. Apoiado em referências na literatura e no teatro, os participantes serão convidados a estabelecer uma conexão livre com a imaginação e com percepções do mundo ao seu redor, para criação de cenas que em sua materialidade apresentem uma realidade que extrapola os limites da lógica, proporcionando um mergulho no mundo do inconsciente e do misterioso.
Duração: Entre 2 e 25 de março de 2020. Segundas e quartas, das 18h às 21h30.
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro, São Paulo).
Público-alvo: artistas, estudantes de arte e público geral. Maiores de 18 anos. Vagas: 20.
Coordenação: André Capuano, Ana Paulla Mota, Gilka Verana e Priscilla Carbone.
Mostra de Cinema Surrealista
Entre 29 de fevereiro e 28 de março. Sábados, às 18h
Coordenação: Gilka Verana
29/2 – O Anjo Exterminador
Direção: Luis Buñuel | Duração: 1h 35min | Classificação: Livre
(México, 1963, Fantasia, Drama)
Um casal da elite aristocrata convida um grupo de amigos para um jantar em sua luxuosa mansão. Depois do evento, eles descobrem que estão presos num dos cômodos. Não há nada físico que os prenda ali, porém ninguém consegue sair ou entrar daquele local porque algo os faz de reféns. Enquanto os dias passam, todas as máscaras e convenções sociais vão desaparecendo, dando lugar aos instintos mais primitivos de cada um.
7/3 – As Pequenas Margaridas
Direção: Vera Chytilová | Duração: 1h14min | Classificação: 16 anos
(Thecoslováquia, 1966, Comédia, Drama)
Utilizando-se de avançados efeitos especiais para a época, Vera Chytilová dirigiu esta obra surrealista que conta a história de duas garotas que partem para uma jornada de travessuras para desconstruir o mundo ao seu redor.
14/3 – A Montanha Sagrada
Direção: Alejandro Jodorowsky | Duração: 1h 54min | Classificação: 18 anos
(EUA, México, 1973, Aventura, Fantasia, Drama)
Ladrão (Horacio Salinas) perambula por estranhos cenários repletos de símbolos religiosos e pagãos. Um guia espiritual (Alejandro Jodorowsky) o apresenta a sete pessoas, cada uma representante de um planeta do sistema solar. Então, o grupo segue para a Montanha Sagrada com o intuito de ocupar o lugar dos deuses imortais que lá vivem e dominam o mundo.
21/3 – Cidade das Mulheres
Direção: Federico Fellini | Duração: 2h 20min | Classificação: 14 anos
(França, Itália, 1980, Comédia Dramática)
Durante uma viagem de trem, Snàporaz (Marcello Mastroianni, como o alter ego de Fellini) é seduzido por uma bela mulher. Ele vivência uma fantasia que é metade sonho e metade pesadelo, na Cidade das Mulheres, um lugar onde ele é reverenciado e julgado ao mesmo tempo, pelo fato de ser o único homem.
28/3 – Cidade dos Sonhos
Direção: David Lynch | Duração: 1h 54min | Classificação: 16 anos
(EUA, França, 2002, Fantasia, Suspense, Drama)
Um acidente automobilístico na estrada Mulholland Drive, em Los Angeles, dá início a uma complexa trama que envolve diversos personagens. A partir daí as vidas de Rita (Laura Harring), Coco (Ann Miller) e Betty (Naomi Watts) se cruzam nessa trama. Em outra parte da cidade, o cineasta Adam Kesher (Justin Theroux), após ser espancado pelo amante da esposa, é roubado pelos sinistros irmãos Castigliane.
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