Shows: Entrevista com a atriz e cantora Amanda Acosta
A atriz e cantora Amanda Acosta entrou para a carreira artística muito nova. Aos quatro anos, participou do Programa Raul Gil e fez comerciais. Participou do grupo Dó Ré Mi e depois do Trem da Alegria.

As carreiras de atriz e cantora sempre andaram juntas e, aos 14 anos, fez o musical Mágico de Oz. Participou de inúmeros musicais e de peças de gêneros diversos: O Primeiro Musical a Gente Nunca Esquece - Direção: Rodrigo Nogueira; Bilac Vê Estrelas - Direção: João Fonseca; Caros Ouvintes - Direção: Otávio Martins; Vingança - Direção: André Dias; O Incrível Doutor Green - Direção: Ricardo Severo; L’Illustre Molière - Direção: Sandra Corveloni; Monólogo Maternidades – Texto e Direção: André Fusko; My Fair Lady - Direção: Jorge Takla; Rapsódia Dos Divinos - Direção: Paulo Ribeiro; As Mulheres Da Minha Vida - Direção: Daniel Filho; Os Sete Gatinhos - Direção: Alexandre Reinecke; O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá - Direção: Vladimir Capella, entre outros trabalhos.

Maternidades merece atenção especial. Como o título sugere, a peça falava sobre ser mãe. Amanda interpretava quatro mulheres e a sua experiência como mãe de Vicente a ajudou na criação das personagens. O texto e a direção são do seu marido, André Fusko.

Estreou na direção teatral trabalhando com alunos de pós-graduação em interpretação musical, na Escola Celia Helena.

Em seu primeiro curta metragem, Pelo Ouvido, ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival Curta Cabo Frio e no Festival Guarnicê de Cinema.

Na TV, Inglês com Música, na TV Cultura, com a professora Marisa Leite de Barros, é o seu trabalho mais marcante.

No momento, Amanda está em cartaz com o show Alô Alô Theatro Musical Brazileiro"! De 1890 a 2016, uma música de cada década para cantar e contar a trajetória do nosso teatro musical, que pretende abordar as influências da identidade cultural do Brasil nos musicais.

Com direção de Kleber Montanheiro e Amanda ( a dupla de artistas assina também o roteiro), as apresentações acontecem todas as terças de abril, até o dia 25, no Teatro Morumbi Shopping.

Nessa entrevista, conversamos sobre o show, merecendo destaque as suas falas sobre a história do teatro musical e a importância da valorização da nossa rica cultura, e dos nossos artistas de muito talento.


ENTREVISTA:

Nanda Rovere - Como surgiu a ideia desse show?
Amanda Acosta - O Kleber Montanheiro me chamou para abrir o projeto Cabaret Solo na Cia de Revista, onde cantores que são atores apresentam canções de musicais. Tive a ideia de fazer essa homenagem ao teatro musical brasileiro e peguei uma música de cada década. Chamei o Kleber para me dirigir porque ele entende tudo de teatro musical brasileiro. Eu já estava pesquisando a história da música popular brasileira, ouvindo muito maxixe e lundu, e começamos a pesquisar o repertório e elaborar roteiro. A primeira apresentação no espaço da Cia da Revista foi maravilhosa. Faz um ano que apresentei no espaço e agora acrescentamos algumas coisas que na época não tivemos tempo de ajustar.

NR - Qual a importância do teatro de revista para a nossa cultura?
AA - O teatro de revista lançou muitos cantores e compositores, era o palco desses grandes artistas. Ela lançou músicas que chegavam até o povo e também usava músicas que já estavam na boca do povo e colocava nos espetáculos. A nossa música é muito rica e no meu show eu consegui colocar toda a necessidade que tenho de cantar o que é nosso.

NR - Como foi a escolha do repertório diante da riqueza musical?
AA - Escolhemos músicas mais conhecidas e que as pessoas não sabem que vieram da revista. Procuramos músicas que foram compostas especialmente para musicais. Pegamos uma revista de cada década e uma música que estava inserida nessa revista. No Rancho Fundo ninguém sabe que foi lançada numa revista, assim como na Batucada da Vida, Linda Flor, Corta Jaca. As pessoas que gostam de música popular brasileira conhecem essas músicas, mas elas desconhecem a história de como elas surgiram. Depois da década de 60, apresentamos canções de musicais de artistas como Chico Buarque. Selecionar algumas canções foi muito confuso porque Na Batucada da Vida, por exemplo, foi composta para uma revista e depois ela foi gravada pela Carmem Miranda e acabou entrando numa outra revista, com uma outra letra e também foi gravada pela Carmen. Corta Jaca, da Chiquinha Gonzaga, tem duas letras diferentes porque também entrou em diferentes revistas (Cai e Lá foi onde ela explodiu (mas a letra não era boa), mas ela já tinha feito sucesso nove anos antes, na peça Zizinha Maxixe). Eu faço a versão da Chiquinha com o Machado Careca, a mais conhecida.

NR - O que você pode citar do material usado para a pesquisa?
AA - Salviano Cavalcante de Paiva, autor do livro Viva o Rebolado, é um grande historiador que conta a história da revista década por década, e em cada década ele fala sobre a situação política, econômica e social do Rio de Janeiro e do país. Eu queria abraçá-lo, mas descobri que ele já tinha falecido. Outra pessoa que eu quis muito abraçar foi a Neide Veneziano, que veio prestigiar o meu show. José Ramos Tinhorão também faz uma pesquisa incrível. Não é tarefa fácil garimpar, pois muitas coisas se perderam. São pessoas guerreiras, se não fossem eles não teríamos essa memória preservada e o material para pesquisa. Não teríamos a oportunidade de nos alertar sobre a riqueza cultural que possuímos, que é a maior riqueza que o Brasil possui. No começo do século XX, os atores falavam com sotaque português porque eram influenciados pela colônia, pela revista portuguesa e os talentos começaram a surgir (Artur Azevedo foi o maior autor da primeira fase do teatro de revista no Brasil e tantos outros compositores). Eles falavam com esse sotaque até quase metade do século XX. Eu faço essa referência no show, brinco com o sotaque para que se faça uma viagem para esse período.

NR - Você citou a Chiquinha Gonzaga como importante dentro da história do teatro de revista. Quais artistas te influenciam (no geral)?
AA - Estou apaixonada pela Araci Cortes, Pepa Delgado, Virgínia Lane, cantoras que estão adormecidas na memória dos brasileiros e foram grandes intérpretes. Hoje em dia, admiro muito o Gustavo Gasparani, o Kleber Montanheiro (cada vez mais apaixonada pelo envolvimento que ele tem com a arte), apaixonada pelos historiadores.

NR - Como é ser dirigida pelo Kleber, já que ele dirige musicais e você tem larga experiência na área?
AA - Estou muito apaixonada por esse projeto. Já era grande admiradora do Kleber, que é um grande estudioso do teatro musical brasileiro. Nosso encontro está sendo muito rico, estou muito empolgada e apaixonada por nossa história. Quero trocar esse sentimento com as pessoas e fazer com que elas (re) descubram a nossa riqueza cultural. O que temos é único. O maxixe, por exemplo, veio da polca, que foi trazida da Europa. Os músicos começaram a tocar fora dos bairros burgueses e como não tinham os mesmos instrumentos que usavam nos bailes tradicionais, começaram a usar outros instrumentos e, ao longo do tempo, o ritmo foi se transformando em maxixe, que é uma música genuinamente brasileira. Com o lundu também aconteceu a mesma coisa, com a mistura dos instrumentos harmônicos dos portugueses e o batuque dos negros. A modinha, a primeira música popular brasileira, também surgiu da mistura entre influência portuguesa e o suingue dos africanos. Sempre fizemos esse ¨bem bolado¨, trazendo referências de outras culturas e criando algo genuinamente brasileiro. Temos que valorizar porque tem muita gente fazendo isso e o país não dá força para esses artistas. Primeiro valorizam o que vem de fora e tem que ser o contrário.

NR - Bacana você falar da importância de se valorizar os musicais brasileiros e os nossos artistas.
AA - Não devemos parar de nos influenciar pelo que vem de fora, mas temos que primeiro valorizar o que é nosso. Se copiarmos o que vem de fora estamos copiando a linguagem deles e temos que falar do nosso jeito, com a nossa linguagem. Você pode pegar o que vem de fora e contar uma história (seja ela africana, indiana, americana), mas ela tem que passar um recado para as pessoas. Temos que fortalecer o nosso teatro musical brasileiro, sem deixar de lado, claro, os textos de fora. Tudo ainda é muito frágil, principalmente quando falamos de patrocínio. Também é preciso proporcionar mais espaços para os compositores e dramaturgos brasileiros. Temos que exaltar mais os nossos talentos, não só na área artística, mas em todas as áreas. Estamos acostumados a ver pessoas incríveis indo para o exterior porque não tem campo de trabalho aqui. É um fato considerado normal e temos que acabar com isso. No Inglês com Música, tinha um quadro muito bacana em que eu cantava canções brasileiras de compositores geniais. A Marisa passava as letras em inglês e as pessoas tinham que adivinhar quais músicas estavam sendo tocadas. As pessoas estão abertas para valorizar o que é nosso, o que temos é que mostrar para elas. A maioria da população não tem instrução e só ouve o que toca na rádio e TV. Por isso sempre digo que as escolas precisam ensinar a história da nossa música, deixando a nossa arte mais próxima das pessoas. Olha que viagem! Comecei a falar de educação, porque acho que está tudo relacionado! A partir do interesse dos alunos podemos trabalhar a história da música brasileira. Um país sem cultura é um país sem identidade. Quando você conhece a história da sua família, do seu país, você se conhece melhor e tem a possibilidade de questionar e de se transformar. Quero muito falar isso para as pessoas e esse show é uma forma de eu me comunicar

NR - Você começou na carreira artística muito cedo e conseguiu manter os ¨pés no chão¨.
AA - Minha profissão me escolheu antes de eu escolhê-la, Comecei muito cedo e fui sempre me aprimorando. Continuo estudando até hoje. Nunca existiu separação entre a atriz e a cantora. Exerço as duas funções sempre pesquisando, em busca de descobertas e em busca da sua evolução enquanto ser humano e artista. Não existe glamour, criaram isso. O meu foco é a troca com o público. O objetivo é contar histórias que façam com que as pessoas que estão me ouvindo, ou vendo os meus espetáculos, saiam do teatro transformadas. A arte tem o poder de acordar as pessoas que estão anestesiadas e por isso tenho grande responsabilidade enquanto artista. O meu trabalho não está separado da minha vida porque quando eu estou no palco eu me cedo para viver todas as histórias e personagens. O que falamos pode influenciar muita gente e cada vez mais quero ter algo a dizer e ter a liberdade para me expressar e criar.

NR – No que você está De Olho (Na Cena)?
AA - Apaixonada pela nossa história cultural e com todos que enriqueceram a nossa arte. Estou redescobrindo Raul Seixas porque ele é um fantástico contador de histórias.

NR - Projetos que gostaria de citar?
AA - Quero retomar Maternidades, continuar esse show e tenho o projeto de fazer um show de fados porque o meu estudo da música popular brasileira começou por conta dos fados (a minha família é portuguesa). O nosso samba-canção, e mesmo o chorinho, traz muita influência dos fados (existem pesquisas que falam que o fado surgiu aqui no Brasil). As minhas raízes portuguesas são muito fortes, mas eu sou brasileira e senti a necessidade de falar da nossa música.

Amanda está em cartaz com o show Alô Alô Theatro Musical Brazileiro"! De 1890 a 2016, no Teatro Morumbi Shopping
Repertório
O repertório traz uma música de cada década para ilustrar a trajetória do nosso teatro musical!
1- O Mugunzá (F. de Carvalho, arranjos de Nicolino Milano)
2- Corta Jaca (Chiquinha Gonzaga e Machado Careca)
3- Feijoada do Brasil (Chiquinha Gonzaga)
4- Linda Flor (Henrique Vogeler, Marques Porto e Luiz Peixoto)
5- No Rancho Fundo (Ary Barros e Lamartine Babo)
6- Na Batucada da Vida (Luís Peixoto e Ary Barroso)
7- Sassaricando (Luiz Antônio, Zé Mario e Odemar Magalhães)
8- Zambi no Açoite (Edu Lobo)
9- Basta Um Dia (Chico Buarque de Holanda)
10- Tango de Nancy (Chico Buarque de Holanda)
11- Têmpera (Gonzaguinha)
12- Ode aos Ratos (Chico Buarque de Holanda)
13- A Análise da Água (Ricardo Severo)
Ficha técnica
Direção e Roteiro: Amanda Acosta e Kleber Montanheiro. Figurino e Iluminação: Kleber Montanheiro. Adereço de Cabeça: Paulo Bordhin. Arranjos e Piano: Demian Pinto. Percussão: Daniel Baraúna. Designer de cabelo e Maquiagem: Anderson Bueno. Produção: Waldir Terence e Amanda Acosta. Realização: Acosta Produções Artísticas & Terence Produções.

Serviço
Amanda Acosta – Alô Alô Theatro Musical Brazileiro. Entre 4 e 25 de abril, terças-feiras, às 21h. Ingressos: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25 (meia). Classificação: 14 anos. Capacidade: 250 lugares. Duração: 70 minutos

Horário de funcionamento da bilheteria: de Terça a Sexta das 14h às 21h; Sábado das 13h às 21h; Domingo das 13h às 20h.Telefone: 5183-2800. Estacionamento Comum: até 2 horas – R$ 15,00. Estacionamento Valet: até 1 hora – R$ 20,00. Estacionamento Motos: a cada 4 horas – R$ 10. Teatro Morumbi Shopping. Endereço: Av. Roque Petroni Junior, 1089, Estacionamento do Piso G1, Jardim das Acácias, São Paulo.



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DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

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