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Críticas - Teatro Adulto

ADEUS, PALHAÇOS MORTOS!, reestreia no Tusp, depois de temporada de sucesso no CCSP
Publicado em 03/08/2016, 22:22
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José Roberto Jardim dirige e assina a adaptação. Com a companhia Academia de Palhaços, fundada por atores oriundos do curso de artes cênicas da Unicamp

O texto aborda diversas questões universais, atuais e que revelam a busca do autor Matei Visniec na abordagem das mazelas humanas, que ele conhece muito bem, já que começou a escrever quando a sua terra natal, a Romênia, era governada pelo ditador Nicolae Ceausescu. Vive na França há mais de 30 anos, quando fugiu de seu país por causa da censura imposta pela ditadura.

O seu teatro é político, mas não panfletário. Político porque acredita no teatro como forma de reflexão sobre o homem e suas ações.

Fala do amor e da dor em obras que trabalham com o onírico e o fantástico, característica que amplia a capacidade que as suas criações possuem de suscitar no espectador indagações sobre o mundo em que vive.

O autor é chamado de ¨o novo Ionesco¨, mas a sua admiração e inspiração em outros autores, entre eles, Beckett, é notória . Ele faz menções do dramaturgo alemão em suas peças, como em O último Godot, ou mesmo em Um Trabalhinho Para Velhos Palhaços (quando Beckett é citado por um dos palhaços).

Nessa obra, Visniec aborda o fazer artístico a partir do reencontro de três grandes artistas circenses do passado em uma agência de empregos. Depois de tanto trabalho e luta pelo reconhecimento, eles estão disputando uma vaga de trabalho.

Além de falar da arte, com humor corrosivo, o espetáculo mostra o quanto vivemos num mundo imediatista e individualista. Também toca na questão da velhice e a dificuldade para se conseguir emprego após uma certa idade.

Os palhaços precisam da vaga e o clima não é muito amistoso. Os diálogos nos levam a crer que eles já dividiram o picadeiro, já se ajudaram, mas também já tiveram atitudes condenáveis para conseguirem destaque na profissão, já que a competitividade é acirrada no meio artístico.

Os personagens estão numa espécie de limbo, entre a vida (que são os holofotes do palco e picadeiro) e a morte (a incerteza profissional). Relembram um passado de glórias, mas com altos e baixos (como em qualquer carreira). Estão numa caixa, presos entre quatro paredes e perderam a noção do tempo e mesmo a memória está falha.

O tom das cenas é a de comédia do absurdo, com gestos, movimentos e expressões minimalistas e precisas.

A ideia é aguçar a sensibilidade do público através de uma encenação que prima pela palavra, mas que também está focada no sensorial. O silêncio, num mundo onde o avanço tecnológico contribui para que as pessoas fiquem conectadas 24h por dia, é essencial para buscarmos a nossa verdadeira essência.

Essa premissa é colocada em prática de maneira criativa. O tom escuro das roupas e a maquiagem, bem como projeções durante toda a apresentação, colocam os personagens diante de imagens gráficas que parecem estar perdidas num espaço desconhecido, num futuro desconexo e onde a repetição das ações ressalta o quanto a vida dessas pessoas perdeu totalmente o sentido. Como declara José Roberto Jardim no texto de divulgação da peça: ¨“Cada cena é um recorte num espaço-tempo descontínuo e fragmentado, são fotogramas vagando nas memórias individuais e coletivas daquela trupe circense, são vozes do passado ecoando em busca de algum sentido”.

Parabéns aos atores, sobretudo pelo domínio do corpo, do movimento, e dos diálogos. O espetáculo tem uma dinâmica (se eu contar aqui, perde a graça) que não é simples, mas eles conseguem manter o ritmo e não erram o texto. Diálogos, movimentos, luz, trilha e projeções têm que estar em perfeita sintonia para a encenação acontecer. Impressionante o efeito das projeções no palco.

José Roberto Jardim é um ator de talento reconhecido, e como diretor tem traçado um caminho de inquietação, pois está sempre em busca de desafios. Assina um trabalho criativo, que não visa a mera diversão. A intenção é fazer com que o espectador saia do teatro com a cabeça fervilhando.

Para conhecer a trajetória da Academia de Palhaços:
https://www.facebook.com/AcademiadePalhacos/?fref=ts
http://www.academiadepalhacos.com/
Ficha Técnica:
Texto Original: Matei Vişniec. Direção e Adaptação: José Roberto Jardim. Elenco: Laíza Dantas, Paula Hemsi e Rodrigo Pocidônio. Direção Musical: Tiago de Mello. Cenografia e Vídeo-Instalação: BijaRi. Figurino: Lino Villaventura. Visagismo: Leopoldo Pacheco. Iluminação: Paula Hemsi e José Roberto Jardim. Direção de produção: Carol Vidotti. Fotografia: Lígia Jardim e Victor Iemini. Suporte Institucional: Cooperativa Paulista de Teatro. Patrocínio: Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. Realização: Academia de Palhaços

Serviço:
De 10 de agosto a 22 de setembro
Nos dias 31/08 e 01/09 não haverá apresentações.
Duração: 70 minutos
Classificação Etária: 12 anos
Onde: TUSP - R. Maria Antônia, 294 - Vila Buarque.
Quartas e quintas, às 21h.
Entrada gratuita.
Duração: 70 minutos
Classificação Etária: 12 anos
Gênero: Drama

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DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

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