A OFICINA SOBRE GESTÃO E TERRITÓRIOS CULTURAIS ocorreu como parte integrante da MOSTRA DO GRUPO OS GERALDOS TEATRO e contou com Douglas Rodrigues Novais, Paula Mathenhauer Guerreiro, Julia Cavalcanti e Carol Delduque.
Para definir a importância de territórios culturais na trajetória dos Geraldos, os integrantes abordaram o histórico dos Geraldos e algumas premissas que movem as ações de todos os integrantes.
Vale a pena sinalizar que o grupo de teatro Os Geraldos surgiu em Barão Geraldo, na Unicamp, e hoje também conta com artistas que não estudaram na instituição.
O nome Os Geraldos foi escolhido por causa do local onde surgiu, distrito de Campinas, e também anuncia um objetivo essencial que rege as ações do grupo: conectar-se com espectadores de todas as idades e relacionar-se com artistas de todas as localidades.
Desde o surgimento, os atores do grupo tiveram a necessidade de realizar as criações de espetáculos num espaço definido.
No início, ocuparam o Espaço Cultural Rosa dos Ventos, um pequeno local gerenciado pela atriz e diretora Verônica Fabrini, e, no momento, administram o Teatro de Artes e Ofício, tradicional em Campinas, um local de ensaios e apresentação de espetáculos e eventos.
No TAO, desde 2018, Os Geraldos mantém um Centro de Formação e Produção Teatral, com a viabilização de espetáculos e territórios culturais.
As atividades formativas do Centro de Formação e Produção Teatral se iniciaram em 2009, com o oferecimento de cursos livres e específicos, e hoje ministram cursos livres para adultos e crianças.
Também tem a intenção de contribuir para a formação de jovens na área das artes, que abraça jovens e propõe a prática da criação artística através de uma espécie de estágio. Os jovens acompanham o processo de trabalho do grupo e assim adquirem conhecimento sobre o ofício artístico.
Com relação aos territórios culturais (lugares onde os artistas plantam as suas raízes e se relacionam com os colegas de profissão – o florescer da arte num espaço específico), a trupe busca a realização de trabalhos que primam por parcerias com artistas diversos, em especial, grupos que têm como objetivo a ocupação de espaços e a formação em arte e gestão cultural.
A criação dos territórios acontece a partir das relações de amizade. Para Os Geraldos, é a amizade que rege o processo de criação e de compartilhamento de saberes e fazeres artísticos.
Neste sentido, é através das parcerias que o grupo caminha e estar com outros grupos e recebê-los em sua sede é essencial. Entre tantos eventos, a Mostra Geraldo Teatro, na sua sétima edição, mais uma vez celebra o intercâmbio entre artistas e grupos de teatro, recebendo na sede dos Geraldos, em evento presencial, o ator Celso Frateschi (SP – espetáculo Horácio), e Luiz Carlos Vasconcelos, da Paraíba, com Silêncio Total – vem chegando um palhaço – Palhaço Xuxu.
As atrizes Julia Cavalcante e Paula Mathenhauer Guerreiro afirmaram que a palavra chave para definir as realizações dos Geraldos é a vocação dos integrantes. Vocação que faz com que os artistas se dediquem de maneira absoluta, e com muito talento, ao processo de criação dos espetáculos e que tem conquistado o público (e a crítica) a partir de muita dedicação.
E vale frisar que, para Os Geraldos, gerir um espaço é cuidar da parte burocrática e artística, oferecer cursos de formação, estabelecer parcerias, manter sempre as portas abertas, e mais ainda, colocar a mão na massa para que o espaço tenha condições para receber as pessoas, condições técnicas, de limpeza, etc.
Qual a vocação de cada integrante e do grupo? A vontade de ter um espaço para fincar raiz e respeitar a vocação de cada integrante na delimitação das tarefas. Cada integrante tem uma função na gestão do grupo, de acordo com as suas habilidades.
Os artistas também falaram sobre a técnica dentro do processo de criação, a qual está fundamentada no teatro popular, no circo e no canto. Uma caminhada que tem o processo de criação voltado para a comicidade, no canto e na palavra falada, a qual está fundamentada no som dito. Uma linguagem que permeia a trajetória dos Geraldos e que se solidificou no espetáculo que acabou de estear: Cordel do Amor sem Fim, de Claudia Barral, sob direção de Gabriel Villela.
¨GABRIEL VILLELA – MESTRE DA PALAVRA, DA BELEZA E DA ESTÉTICA¨- Douglas Novais
A presença de Villela na sede dos Geraldos e a estreia de Cordel do Amor sem Fim exemplifica, e solidifica, com maestria, as diretrizes seguidas pelos integrantes do grupo para a realização dos projetos.
O diretor, cenógrafo e figurinista mineiro, que reside em SP, e mantem em seu sítio, em Carmo do Rio Claro – MG, um ateliê de criação, ficou em Campinas durante três meses e levou para a cidade parceiros frequentes para a equipe de criação, entre eles a preparadora vocal Babaya, o assistente de direção Ivan Andrade, o assistente de figurino José Rosa e a antropóloga da voz Francesca della Monica. Um encontro profissional e pautado pela parceria que teve como fruto uma amizade entre os artistas. Respeito, profissionalismo, admiração e amizade.
Devido à pandemia, a estreia que deveria ocorrer em maio do ano passado só pôde acontecer no final deste ano, respeitando a trajetória de artistas que desejam um espaço para criações e intercâmbios e uma gestão que permita o grupo mambembar pelo Brasil e exterior.
Cordel do amor sem fim estreou em Itapetininga e passou por Ribeirão Preto (Viagem Teatral do Sesi). Para o ano que vem, a ideia é uma temporada em Campinas e o máximo de viagens possíveis. Tudo irá depender de como estará o controle da pandemia.
Para mais detalhes:
Os Geraldos
https://www.osgeraldos.com.br
@osgeraldosteatro (instagram) e Os Geraldos Teatro no face
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