TEATRO
Acompanhe o melhor do teatro adulto e infantil! As principais estreias nos palcos estão aqui.
Não deixe de ler as matérias e críticas.

Entrevistas e dicas de espetáculos

O teatro de Pirandello por Gabriel Villela e Chico Carvalho - Mediação André de Araújo
Publicado em 19/03/2022, 19:30
140
Facebook Share Button
Bate-papo #EmCasaComSesc Sesc Vila Mariana
O teatro de Pirandello
Gabriel Villela e Chico Carvalho
16/03/2022
Mediação André Araújo
http://www.deolhonacena.com.br/index.php?pg=3a2b&sub=607#linha

Algumas falas. Foram quase duas horas de uma conversa prazerosa sobre Pirandello e o poder do teatro. A ¨live¨está disponível no canal do You tube do Sesc Vila Mariana, por isso a ideia é só pincelar o quanto foi produtivo assistir a esse evento. Para quem aprecia teatro, para quem faz teatro. O teatro e o seu poder de transformação. Poder de encantamento e reflexão.

Pirandello e Shakespeare - ¨síntese e a crônica da humanidade¨. Gabriel Vilella

¨O ator e o teatro têm o poder de abalar as estruturas pelo campo simbólico¨ – Chico Carvalho

https://www.youtube.com/watch?v=-CEvXG9XYT0

Henrique IV, de Luigi Pirandello
Direção e Figurino Gabriel Villela
Produção, adaptação e tradução Claudio Fontana
Estreia no dia 28 de Abril no Sesc Vila Mariana/SP

Luigi Pirandello (Agrigento, 28 de junho de 1867 — Roma, 10 de dezembro de 1936)
Seis personagens à procura de um autor. Os Gigantes da Montanha, obra inacabada _ Villela dirigiu. Em cena, o Grupo Galpão; Henrique IV, que no ano passado foi adaptado para o ator Chico Carvalho e agora estreia com elenco completo - direção Gabriel Villela; Claudio Fontana é o produtor, adaptador e produtor.
Henrique IV estreia dia 28 de abril no Sesc Vila Mariana

Para o ator Chico Carvalho, um dos maiores trunfos da obra de Pirandello é colocar em evidência a dificuldade de enxergarmos quem realmente somos e como mantermos a nossa identidade.
Isso fica claro na trama da peça Henrique IV: um jovem vai a um baile de carnaval vestido como Henrique IV, da Alemanha. Acontece um acidente, provavelmente provocado, ele cai de um cavalo, bate a cabeça e, ao acordar, com a memória debilitada, pensa ser o rei. Sua irmã constrói uma réplica da corte de Henrique IV e atores são contratados para que tudo pareça real. Após 15 anos vivendo nessa ilusão, o homem recupera a memória, mas continua sustentando a encenação para se vingar das pessoas que supostamente foram culpadas pelo seu acidente.
Uma obra que apresenta personagens que vivem na tênue fronteira que separa ficção da realidade, loucura da sanidade, devido ao jogo de máscaras estabelecido. Pirandello é um autor brilhante que usa a metalinguagem para sustentar a ideia de que as coisas não são o que parecem ser e, nesse sentido, o teatro é mais real do que o nosso cotidiano.
Com relação ao universo ¨Pirandelliano¨, o ator e o teatro, Chico declara: ¨ser ator contém características similares aos loucos, que usam várias máscaras. É por esse motivo que Pirandello usa a metalinguagem¨. O palco é o lugar da fragilidade e instabilidade.
O ator também salienta que é um privilégio apresentar o espetáculo para o público num momento onde somos bombardeados por péssimos ditadores e nos deixamos cooptar por muitas máscaras. Colocar a palavra ¨Pirandelliana¨ em cena, portanto, é muito oportuno e necessário hoje. ¨Um autor urgente de ser ouvido e encenado¨, diz Carvalho. ¨Os autores clássicos tratam da essência do homem, e isso tem alto poder de reflexão e transformação”, complementa.
Para o ator é um grande privilégio dividir o palco com atores de tanto talento e ser dirigido por Gabriel Villela. Para terminar a sua fala, destaca a importância do Sesc para o nosso teatro, sinalizando o quanto será importante a estreia no Sesc Vila Mariana nesse momento tão conturbado.
Também elogia o teatro épico que Villela imprime nas suas realizações. ¨Todo grande personagem se resolve na frente da plateia. É dever da plateia enxergar as personagens e fazer as costuras. Para Carvalho não existe a possibilidade de realizar um processo de criação buscando entender a psicologia de um personagem. O papel do ator é dar à plateia informações para que ela própria tenha o poder de refletir e estabelecer julgamentos sobre os personagens e suas ações”.

"O ator não tem de ver a lua, só apontar pra ela. Quem vê a lua é a plateia"
@chicocarvalho

¨O autor fala diretamente para plateia questões perigosas e muito necessárias de serem ouvidas. ¨Me sinto feliz por esse espaço e que a plateia também tenha senso de perigo. Que a plateia saiba que estamos ali para contar uma estória poderosa. Nós somos rascunhos, não estamos prontos. Pirandello ri a cada cena de quem acredita que é alguma coisa. Em Henrique IV, o próprio desmontador é desmontado pela lua, pois diante dela o protagonista descobre que é igual às pessoas que ele quer destruir¨, afirma Carvalho, que também diz:
¨O teatro é um ato político ao colocar palavras na boca do ator, que tem potência para dizer que um ato é público diante do outro, (diante do espectador). O ator e o teatro têm o poder de abalar as estruturas pelo campo simbólico”.

Gabriel Villela, diretor, cenógrafo e figurinista (que em Henrique IV assina a direção e o figurino) é um admirador de Pirandello e já encenou, com o Grupo Galpão, Os Gigantes da Montanha.
Segundo Villela, a obra ¨pirandelliana¨ propõe uma discussão severa sobre a multiplicação de máscaras. As suas criações não nos permitem uma única leitura porque nos colocam numa fronteira entre dois mundos, dois campos opostos e desconfortáveis - a realidade e a ficção - além de nos colocar diante de um mistério sobre a existência e o pensamento do homem.
Vivemos um momento caótico onde se tenta destruir um país e apagar a sua identidade cultural. Um problema no mundo que evidencia o quanto a obra de Pirandello é atual.
Parafraseando uma frase do escritor argentino Jorge Luís Borges ("Os espelhos e a cópula são abomináveis, porque multiplicam o número dos homens”), o diretor assinala que tanto Pirandello quanto Shakespeare são autores que criam peças abomináveis ao reproduzirem a forma humana. Vale aqui um parêntese: Villela já montou vários textos de Shakespeare, Romeu e Julieta, com o Grupo Galpão, Macbeth, Sua Incelença, Ricardo III", com o Grupo Clowns de Shakespeare, A Tempestade e Sonhos de uma Noite de Verão (adaptação para o balé Cia Palácio das Artes, de Belo Horizonte).
Para o diretor, as obras de Pirandello e Shakespeare são dotadas de encantamento e, assim como Chico Carvalho também salientou, o papel importante da metalinguagem no universo de Pirandello.
Pirandello é um autor que dá ao diretor crédito para trabalhar com símbolos e alegorias na sua encenação devido ao caráter metafórico das tramas e o alto valor da metalinguagem.
Fiquem ligados no cenário que Serroni está criando para Henrique IV...
Para saber mais detalhes? Assista ao bate-papo e, claro, ao espetáculo que estreia logo no Sesc Vila Mariana! Uma montagem que tem a música como ponto essencial, como sempre acontece nas criações de Villela; um clima lisérgico e regado a Rock and Roll.

Pirandello e Shakespeare - ¨síntese e a crônica da humanidade¨. Gabriel Vilella

O diretor teceu muitos elogios ao elenco e equipe, evidenciando que o seu papel como diretor é apresentar um tecido e criar um laboratório de inteligência cultural para aguçar a sensibilidade dos atores, pedindo para que eles transformem o material em poesia.
O papel de Villela é abrir a cortina para um mundo encantado e o elenco tem a tarefa de contar histórias evidenciando o caráter épico de uma obra. A palavra é o grande trunfo e o Imaginai de Villela, com magia e beleza, apresenta símbolos teatrais que preenchem a cena e contam a história de uma maneira que provoca reflexão e encantamento. E a música sempre presente para potencializar a palavra!
Entre tantas questões comentadas pelos presentes, vale muito a pena assistir a ¨live¨ porque colocar muitas falas em forma de texto não dá a eles a sua total riqueza.

Por isso, assistam:
https://www.youtube.com/watch?v=-CEvXG9XYT0

Para finalizar, Gabriel sinalizou que Henrique IV estará em cartaz num teatro especial, que tem a arquitetura de um grande cenógrafo, o Serroni, e homenageia o diretor Antunes Filho, que foi um grande artista. Ele foi um mestre aqui no Brasil, ¨Ligou o Ocidente e o Oriente¨. Foi um mestre para a geração de Gabriel Villela.
¨Antunes Filho adiantou em décadas a liturgia do teatro nacional¨ - Gabriel Villela

Dica para um entendimento da obra de Pirandello - Quarenta novelas, de Luigi Pirandello, contos e novelas que posteriormente se transformam em teatro.








Clique nas imagens para ampliar:



DE OLHO NA CENA ® 2015 - Todos os Direitos Reservados
. . . . . . . . . . . .

DE OLHO NA CENA BY NANDA ROVERE - TUDO SOBRE TEATRO, CINEMA, SHOWS E EVENTOS Sou historiadora e jornalista, apaixonada por nossa cultura, especialmente pelo teatro.Na minha opinião, a arte pode melhorar, e muito, o mundo em que vivemos e muitos artistas trabalham com esse objetivo. de olho na cena, nanda rovere, chananda rovere, estreias de teatro são Paulo, estreias de teatro sp, criticas sobre teatro, criticas sobre teatro adulto, criticas sobre teatro infantil, estreias de teatro infantil sp, teatro em sp, teatros em sp, cultura sp, o que fazer em são Paulo, conhecendo o teatro, matérias sobre teatro, teatro adulto, teatro infantil, shows em sp, eventos em sp, teatros em cartaz em sp, teatros em cartaz na capital, teatros em cartaz, teatros em são Paulo, teatro zona sul sp, teatro zona leste sp, teatro zona oeste sp, nanda roveri,

CRISOFT - Criação de Sites ® 2005
HOME PAGE | QUEM SOU | TEATRO ADULTO | TEATRO INFANTIL | MULTICULTURAL | CONTATO
CRÍTICAS OPINIÕES CINEMA
MATÉRIAS MATÉRIAS SHOWS
ESTREIAS ESTREIAS EVENTOS