A atriz vive essa mulher emblemática, lutadora e que merece todas as homenagens. A peça é baseada
em um manuscrito inédito que Pagú produziu enquanto estava presa. Denominado Pagú - Até Onde Chega a Sonda, o espetáculo tem texto de autoria da Martha, que contou com a ajuda da amiga Isabel Teixeira para um processo de dramaturgia que mistura dados da vida da intérprete, momentos da vida de Pagú e o seu manuscrito. O resultado: um monólogo que fala de machismo, maternidade, feminismo, angústias e processos criativos. A presença de Andreato como diretor é especial. Atua em monólogos e também dirige atores nessa empreitada no palco. Possui um conhecimento enorme sobre a cena e uma sensibilidade ímpar para guiar o ator na interpretação e na sua presença no palco.
Alguns trechos do espetáculo: "É muito ruim, depois que eu fui mãe, eu esqueço. Eu leio as coisas e esqueço. Eu leio, eu entendo. Falo: nossa, que legal isso, que coisa importante que eu acabei de ler. Depois eu esqueço. Eu queria que minha vida tivesse aquele previously das séries, que algumas têm, sabe? Que toda vez que você vai começar um novo capítulo, ele te dá um mini resumo de tudo o que aconteceu antes? Eu estou precisando de um previously porque, nossa, eu não lembro de nada." Trecho da dramaturgia escrito por Martha.
“Como subtrair desta avalanche que é o meu mundo, algo coerente, direitinho, com sequência. As ideias me escapam, escorrem dos meus dedos, elas ultrapassam a própria capacidade. Tudo é tão rápido que deve haver coincidência no tempo ou não deve haver tempo. No mesmo instante penso de diversas formas e sinto de diversos modos.” Trecho do manuscrito original de Pagú.
Um pouquinho sobre Pagú
Jornalista, feminista, artista, escritora e desenhista, Patrícia Rehder Galvão (1910-1962) nasceu em uma família burguesa paulista, mas depois, seguindo as orientações do Partido Comunista se proletarizou e foi viver em Santos e no Rio de Janeiro. Dedicou boa parte de sua vida à militância política em Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, além de ter viajado o mundo. Desde bem cedo, ela questionava os padrões patriarcais. Pagú, apelido dado pelo poeta Raul Bopp, começou a escrever críticas contra o governo ainda na adolescência, aos 15 anos, quando se tornou colaboradora do Brás Jornal e assinava uma coluna sob o pseudônimo de Patsy. Sua estreia artística aconteceu em 1929, ao publicar seus desenhos politizados nas páginas da “Revista da Antropofagia”. Apesar de Pagú só possuir 12 anos quando aconteceu a Semana de Arte Moderna, ela é considerada uma das grandes forças do Movimento Antropofágico – seu envolvimento começou sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Junto com Oswald, ela entrou para o Partido Comunista Brasileiro em 1931, quando foi presa pela primeira vez (ela foi presa mais de 20 vezes ao longo de sua vida). Ela e Oswald tiveram um filho, Rudá.
Serviço
PAGÚ - Até Onde Chega a Sonda SESC POMPEIA Estreia quinta-feira dia 01/12 Temporada: de terça a sexta-feira, às 20h30, de 01 a 16/12 Dias 09 e 16/12, sessão também às 17h30 Local: Espaço Cênico Classificação: 12 anos Duração: 70 minutos Acessibilidade: Local acessível para cadeirantes. Sessão com Intérprete de Libras dia 15/12 Sesc Pompeia Rua Clélia, 93, Pompeia – São Paulo sescsp.org.br/pompeia Facebook, Instagram e Twitter: @sescpompeia Protocolos de segurança O uso da máscara, cobrindo boca e nariz, é recomendado. Se você apresentar os sintomas relacionados à Covid-19, procure o serviço de saúde e permaneça em isolamento social.
Fotos de Rodrigo Chueri:
Fotos de Andréa Menegon:
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