não é tarefa fácil colocar em palavras o que é Um Ensaio Sobre a Cegueira do Grupo Galpão. São artistas que integram um grupo com 43 anos de estrada.
O Grupo Galpão é de 1982 e sempre encantou pelo talento dos artistas, pela vontade de sempre enfrentar desafios e pela ânsia de sempre aprimorar o trabalho de interpretação, corpo, voz, canto, instrumento. Claro que colocar no palco a adaptação de um livro de autoria do gênio Saramago não é tarefa fácil, mas o Galpão dá vida à história de uma cegueira coletiva de um modo magistral.
Fazia anos que o diretor Rodrigo Portella, jovem e já experiente talento do teatro, carregava o desejo de levar o romance aos palcos. Era pra ser o Galpão o instrumento teatral para esse sonho acontecer.
No trânsito, no semáforo, um homem começa a ver tudo branco. Uma estranha epidemia se alastra rapidamente.
Todos os contaminados são levados a um manicômio pelas autoridades e a cada dia o número de vítimas aumenta. A cada dia os alimentos escasseiam, a higiene fica de lado e a condição é desumana. Ali, naquele lugar imundo, nojento, inóspito, pudores não valem mais nada, o homem deixa de lado a dignidade em nome da sobrevivência. Tudo é desespero, o futuro é incerto. Ainda existe um fio de compaixão, mas cada um tem que cuidar de si antes de pensar no próximo, mas apesar de tudo o olhar para o próximo está morimbundo, mas ainda persiste..
O livro é sufocante. A peça também é, mas a música, a trilha original, tão potente, dá um fôlego ao público.
Numa situação-limite onde todos estão vigiados e tentar fugir é impossível, ver que a maldade humana não tem limites é horripilante.
A exploraçâo sexual das mulheres, que cedem aos desejos dos homens (que deveriam zelar pela vida dos contaminados), em troca de um pouco de alimento, é o ápice da falta de empatia, é o momento mais impactante do livro e também da peça. Que adaptação brilhante! Que elenco brilhante!
Dizer que atores tão incríveis dão o tom exato a cada cena, a cada momento em que o tormento avassala a alma nem é preciso. É aula de interpretação nas camadas que o espetáculo exige, com pitadas de humor e cenas em que os silêncios, os barulhos das movimentações e olhares desesperados têm uma força explosiva.
Os atores interpretam, tocam instrumentos, cantam, plenos. A essência do teatro emana. Os atores criam os ambientes, movimentando os móveis e objetos de cena, além da luz que dá o tom de um lugar que se transforma num espaço abjeto.
A luz branca forte que atordoa cada vez que alguém começa a ver o 'mar branco". Um fato que é repentino, desconhecido. É o homem cego diante do poder.
O individualismo, o homem lobo do próprio homem. A cegueira da alma. A dor de uma guerra. Impossível não pensar em Gaza, por exemplo.
Na ficção, as autoridades isolam os afetados em quarentena. No mundo real, a quarentena ainda é algo tão recente e o egoísmo quase nos levou a um caos infinito. Ainda pode existir uma luz no fim do túnel... e depende de nós que a luz emane...
( Um) ensaio sobre a cegueira traz a alma popular do Galpão, cada ator, com as suas especificidades artísticas, brilha nesse trabalho e isso é fruto de muito talento e de muita dedicação, estudo, humildade. Um ensaio sobre a cegueira tem a cara do Galpão no seu modo de interpretar, executar a trilha e encantar.
Emociona ver o quanto o público se emociona e valoriza o trabalho desses artistas mineiros, brasileiros, mambembes. Desde 1992, com o histórico Romeu e Julieta, direção Gabriel Villela, que fez os londrinos vibrarem no Globe Theatre, tenho o privilégio de acompanhar tudo o que o grupo realiza. É a arte pulsando, viva, na sua plenitude, tocando a nossa alma. (UM) ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
ELENCO: Antonio Edson, Eduardo Moreira, Fernanda Vianna, Inês Peixoto, Júlio Maciel, Luiz Rocha, Lydia Del Picchia, Paulo André e Simone Ordones
Ficha Técnica
Direção e Dramaturgia: Rodrigo Portella
Diretores Assistentes: Georgina Vila Bruch e Paulo André
Direção musical, trilha original e paisagem sonora: Federico Puppi
Cenografia: Marcelo Alvarenga (Play Arquitetura)
Figurino: Gilma Oliveira
Interlocução Dramatúrgica: Bianca Ramoneda
Iluminação: Rodrigo Marçal e Rodrigo Portella
Adereços: Rai Bento
Visagismo: Gabriela Dominguez
Desenho sonoro, programação e mixagem: Fábio Santos
Assistência de direção: Zezinho Mancini
Assistência de figurino: Caroline Manso
Assistência de cenografia: Vinícius Bicalho
Construção cenário: Artes Cênica Produções
Costuras: Danny Maia
Fotos: Igor Cerqueira e Mateus Lustosa
Registro e cobertura audiovisual: Luiz Felipe Fernandes
Comunicação: Letícia Levia e Fernanda Lara
Projeto gráfico: Filipe Lampejo e Rita Davis
Consultoria de Acessibilidade: Oscar Capucho
Operação de luz: Rodrigo Marçal
Operação de som: Fábio Santos
Técnico de palco: William Bililiu
Assistente técnico: William Teles
Assistente de produção: Zazá Cypriano
Produção Executiva: Beatriz Radicchi
Direção de Produção: Gilma Oliveira
Produção: Grupo Galpão
Produção Local em São Paulo: Lindsay Castro Lima e Mariana Mantovani - Híbrida Arte e Cultura
Assessoria Local em São Paulo: Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
FICHA TÉCNICA - GRUPO GALPÃO
Atores e atrizes do Grupo Galpão
Antonio Edson – Arildo de Barros – Beto Franco – Chico Pelúcio – Eduardo Moreira – Fernanda Vianna – Inês Peixoto – Júlio Maciel – Lydia Del Picchia – Paulo André – Simone Ordones – Teuda Bara
Conselho Executivo
Beto Franco, Eduardo Moreira, Fernando Lara, Gilma Oliveira e Lydia Del Picchia
Equipe
Gerente Executivo: Fernando Lara
Coordenadora de Produção: Gilma Oliveira
Coordenadora Administrativa: Wanilda D'Artagnan
Coordenadora de Planejamento: Alba Martinez
Coordenadora de Comunicação: Fernanda Lara
Coordenador Técnico e Técnico de luz: Rodrigo Marçal
Produtora Executiva: Beatriz Radicchi
Técnico de Som: Fábio Santos
Técnico de Luz: William Bililiu
Supervisor administrativo: Cláudio Augusto
Assistente de Planejamento: Duda Carmona
Assistente de Comunicação: Lucy Ribeiro
Assistente Administrativo: Caroline Martins
Assistente de Produção: Zazá Cypriano
Assistente Técnico: William Teles
Serviços Gerais: Danielle Rodrigues
Design Gráfico: Cíntia Marques
Assessoria de Imprensa: Personal Press - Polliane Eliziário
Comunicação Digital: Rizoma Comunicação & Arte - Letícia Leiva e Matheus Carvalho
Assessor Contábil: Wellington D'Artagnan
Gestora Financeira de Projetos: Artmanagers
Grupo Galpão
O Grupo Galpão, de Belo Horizonte (MG), é uma das companhias teatrais mais conhecidas do Brasil, tanto por seus 43 anos de atividade contínua quanto por sua pesquisa de linguagem.
Criado por cinco atores, em 1982, a partir do espetáculo “A alma boa de Setsuan”, montagem conduzida por diretores do “Teatro Livre de Munique”, da Alemanha, o Galpão se valeu dessa rica experiência para se lançar numa proposta de construção de um teatro de grupo, com raízes ligadas à tradição do teatro popular e de rua.
Fazem parte do Galpão Antonio Edson, Arildo de Barros, Beto Franco, Chico Pelúcio, Eduardo Moreira, Fernanda Vianna, Inês Peixoto, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André, Simone Ordones e Teuda Bara.
Ao montar espetáculos com diferentes diretores convidados – como Gabriel Villela, Cacá Carvalho, Paulo José, Yara de Novaes, Marcio Abreu, Rodrigo Portella, além dos próprios integrantes, que também dirigem espetáculos do Grupo –, o Galpão desenvolve um teatro que alia rigor e investigação de linguagens, com um repertório com grande poder de comunicação com o público.
Seus trabalhos dialogam com o popular e o erudito, a tradição e a contemporaneidade, o teatro de rua e o palco, o universal e o regional brasileiro.
Galpão em números
Fundação: novembro de 1982
27 espetáculos
15 projetos audiovisuais
2 000 000 espectadores
100 prêmios brasileiros
+3400 apresentações
300 cidades
18 países diferentes
+80 festivais internacionais
+210 festivais nacionais
Sesc 24 de maio
Estreia 2025 | Classificação: 16 anos | Duração: 140 minutos | Gênero: Dram
Temporada: De 20 de novembro a 14 de dezembro de 2025
Quinta a sábado, às 19h | Domingo e dia (feriado) 20/11, às 18h
Local: Sesc 24 de maio - Rua 24 de Maio, 109 - República, São Paulo - SP (350 metros da estação República do metrô) - Teatro
Recursos de acessibilidade:As sessões com acessibilidade em LIBRAS serão às quintas e aos domingos. As sessões com AUDIODESCRIÇÃO serão aos domingos.
Ingressos: no site sescsp.org.br/24demaio ou através do aplicativo Credencial Sesc SP a partir do dia 11/11 e nas bilheterias das unidades Sesc SP a partir de 12/11 - R$70 (inteira), R$35 (meia) e R$21 (Credencial Sesc).
Ingressos populares: em atendimento à Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e ao art. 29, IV, da Instrução Normativa MINC Nº11/2024, as sessões dos 27, 28, 29 e 30 de novembro e 4, 5, 6, 7,11 e 12 de dezembro contarão com cota de 20% de ingressos gratuitos, disponibilizados apenas presencialmente, na bilheteria do Sesc 24 de Maio, uma hora antes de cada apresentação. Cada pessoa poderá retirar apenas um ingresso, conforme disponibilidade. Não será possível a retirada de ingressos para outras datas.
Ingressos Experiência: Venda somente para maiores de 18 anos, com os mesmos valores da bilheteria.
Ingresso Experiência - Válido para maiores de 18 anos. A compra é única e intransferível. Inclui participação guiada pelo elenco, com locomoção no palco, de olhos vendados, durante cerca de 60 minutos da peça. O primeiro ato a pessoa assiste o espetáculo da plateia e, o segundo ato, vendada em cima do palco. 14 pessoas participam da experiência. É necessário chegar com 30 minutos de antecedência para orientações — atrasos inviabilizam a participação, mas o espetáculo poderá ser assistido normalmente. Use roupas e calçados confortáveis. A experiência aborda temas sensíveis e inclui indicação de violência sexual. Ao participar, você autoriza o uso de sua imagem pelo Grupo Galpão mediante assinatura de termo. |