Rainhas do Orinoco é uma comédia de autoria do mexicano Emilio Carballido, que propõe diversas reflexões, entre elas: sobre a vida dos artistas, as barreiras do nosso dia a dia, a busca de um mundo melhor e a finitude da vida.
Na trama, duas coristas decadentes, Mina (Walderez de Barros) e Fifi (Luciana Carnieli), estão navegando pelo Rio Orinoco, a caminho de um show para entreter trabalhadores de um campo petroleiro. Elas creditam que irão ganhar um bom dinheiro no trabalho.
Ao acordarem, as atrizes percebem que toda a tripulação do barco, menos um homem esfaqueado (Dagoberto Feliz), desapareceu. Eles ficam à deriva.
Enquanto uma delas se conforma com o ocorrido porque não tem mais perspectivas de futuro, a outra, mais corajosa e sonhadora, tenta resolver o grave problema. As esperanças são escassas e quanto mais o tempo passa, mais fica claro que dificilmente a história terá um final feliz.
Mais um trabalho com direção de Gabriel Villela que já de início chama a atenção pelo colorido e beleza do figurino (criado por Villela - com cores, texturas e caimentos inspirados nas vestimentas típicas da América Latina) e do cenário (um picadeiro criado por William Pereira, em formato de barco com detalhes naifs).
Gabriel Villela comenta que a encenação foi elaborada a partir da estética do circo-teatro (que sempre permeia as suas criações). A ideia foi recuperar a linguagem dos grandes circos e melodramas de meados dos anos 60, que teve seu auge com Vicente Celestino, Gilda de Abreu, Tonico e Tinoco, José Fortuna, Circo Arethusa, Dercy Gonçalves, Grande Otelo e Oscarito. “Este espetáculo é o irmão ingênuo, formoso, brincalhão da minha montagem de Vem Buscar-me Que Ainda Sou Teu, de Soffredini, em 1990, e que foi um momento em que a arte popular acabou nos dando a matéria prima para a configuração de um teatro mais brasileiro, do interior do Brasil profundo. Carballido teve a sabedoria de fazer uma grande comédia. A peça é um depoimento humanista de alguém que enxerga através da comédia e do melodrama a existência de dois seres humanos desprotegidos na carne e nos grotões da America Latina. Colocamos em cena esse texto usando a linguagem estética do circo-teatro”, comenta o diretor.
Para quem acompanha a trajetória de Villela, existe uma parceria frutífera e duradoura com uma equipe de criação que garante a qualidade dos trabalhos.
O diretor traz um trio de atores experientes e que já foram dirigidos por ele em diversos espetáculos. Walderez atuou em A Ponte e a Água de Piscina, Fausto Zero e Hécuba; Luciana Carnieli atuou em Ópera do Malandro, Gota D’água e Vestido de Noiva; Dagoberto Feliz participou de A Tempestade e Vem buscar-me que ainda sou teu.
Villela sempre ressalta a importância de toda a equipe para o sucesso dos espetáculos que dirige. “Meu trabalho como diretor é como uma pesquisa em laboratório científico: ela não é feita sozinha. Existe porque há 10, 15 criadores em volta. É uma grande oficina, um ateliê de criadores diversos”, afirma Gabriel.
Ivan Andrade e Daniel Mazzarolo são os assistentes de direção. Babaya assina a direção musical, preparação vocal, arranjos vocais e a partitura dos textos; Dagoberto Feliz elaborou os arranjos instrumentais (o musicista, ator e diretor já assinou uma versão do texto de Carballido, com Bete Dorgam e Daniela Carmona em cena); os adereços e objetos de cena foram confeccionados em sua maioria por Shicó do Mamulengo e Cláudio Fontana é o diretor de produção. Caetano Vilela assina a luz, em sua primeira parceria com Villela.
A trilha é um ponto alto da encenação. O repertório é o resultado de pesquisas de músicas latino-americanas cantadas na voz de Cascatinha e Inhana. Elas são tocadas e cantadas ao vivo pelos atores.
O projeto Vivo EnCena promove o Workshop sobre Técnicas da Música em Cena, em Manaus
O evento será nos dias 27 e 28 de maio, com o diretor, cenógrafo e figurinista mineiro Gabriel Villela e a diretora musical Babaya Morais.
Durante os dois dias de atividades, os participantes ouvirão relatos práticos sobre os espetáculos dirigidos por Villela, que contaram com a preparação vocal de com Babaya, entre eles, Romeu e Julieta, A Rua da Amargura e Os Gigantes da Montanha’ com o Grupo Galpão, e a A Tempestade que ficou em cartaz no ano passado na capital paulista.
As inscrições estão abertas até o dia 16 de maio, através do e-mail vivoencena@gmail.com.
Para se inscrever, preencher o campo Assunto com o nome do workshop. No corpo do e-mail, informar dados pessoais, incluindo nome completo, RG, telefones para contato e e-mails, além de citar experiência artística e interesse na atividade.
20 vagas.
Os selecionados receberão e-mail e ligação telefônica até o dia 20 de maio.
Gratuito.
Indicado para maiores de 18 anos, com noções básicas de canto.
Centro Cultural Palácio da Justiça
Av. Eduardo Ribeiro, 901 - Centro, Manaus
|